A diretora do Centro de Vigilância Epidemiológica (CVE), órgão da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Helena Sato, disse que a população não deve se alarmar com o caso de febre hemorrágica brasileira, confirmado em um paciente de Sorocaba, que morreu no último dia 11, no Hospital das Clínicas, na capital. Segundo ela, a rede de saúde das cidades por onde o paciente andou no período da possível incubação da doença – Sorocaba, Itapeva, Itaporanga, Eldorado e Pariquera-Açu – foi colocada em alerta para identificar possíveis novos casos. Também foi iniciado um trabalho de campo para descobrir onde o paciente adquiriu o arenavírus, causador da doença.
A especialista disse que até a tarde desta terça-feira, 21, não havia novo caso suspeito. "É um caso único e até o momento não estamos tendo outros suspeitos, por isso não é o caso de correria para o hospital ou posto de saúde. Nós, da saúde, estamos em alerta nessas áreas por onde a pessoa passou. Estamos investigando onde ele pode ter se contaminado e acompanhando as pessoas que podem ter tido contato com o paciente para ver se aparecem casos com sintomas semelhantes."
Conforme Helena, não há vacina para essa doença, o que impede um bloqueio através de vacinação. "Como a fonte de transmissão é o roedor silvestre, através de fezes e excreções, não é uma doença que pode se espalhar com rapidez. Importante deixar claro que o rato urbano, esse que vive em esgotos, embora possa transmitir outras doenças graves, como a leptospirose, não transmite a febre hemorrágica."
A Vigilância Epidemiológica estadual fez uma videoconferência com os responsáveis pela vigilância nas cinco cidades por onde o paciente passou. Em Itaporanga (15,4 mil habitantes), a secretária Renata Macedo Santos recebeu a visita técnica de uma equipe do Ministério da Saúde. O objetivo é pesquisar o local onde o paciente permaneceu – um bairro rural, próximo da cidade. "Não podemos dar muito detalhe para não alarmar a população, mas os moradores da região estão sendo monitorados", disse o assessor de comunicação Gustavo Onilde.
O mesmo trabalho começou a ser realizado em Itapeva (87,7 mil habitantes), onde o homem esteve em uma propriedade rural. O paciente teria colhido espigas de milho no sítio. Em Pariquera-Açu (19,3 mil habitantes), no Vale do Ribeira, o paciente teve contato apenas com profissionais da saúde, ao ser internado com suspeita de febre amarela, no Hospital Regional. Os funcionários já foram identificados e são acompanhados, conforme protocolo do Ministério.
Em Eldorado (15,4 mil mil habitantes), também no Vale do Ribeira onde o paciente recebeu o primeiro atendimento, a revelação do caso causou um princípio de alvoroço nesta terça-feira, 21. A nota técnica do Ministério da Saúde foi distribuída em grupos de WhatsApp e muitas pessoas procuraram a rede de saúde. "A gente chegou a fazer os bloqueios desse caso em razão da suspeita de febre amarela. Agora, com a confirmação da febre hemorrágica, suspendemos esse trabalho, mas começamos outro, de identificar as pessoas que tiveram contato com o paciente. As pessoas estão ligando aqui alvoroçadas", disse Elisandra Antunes Ribeiro, gestora da saúde no município.
O paciente chegou à cidade no dia 29 e já no dia seguinte procurou o Pronto-Atendimento Municipal. Os sintomas iniciais eram leves – dor de cabeça, mal estar -, mas logo se agravaram com quadro de febre, dores abdominais intensas e icterícia (pele amarelada), o que levou à transferência para Pariquera-Açu. Os profissionais que atenderam o paciente já são acompanhados. O que já se apurou é que, no percurso entre Sorocaba e Eldorado, o homem parou no Parque Estadual Carlos Botelho, extensa área de mata atlântica em São Miguel Arcanjo, e passou por Sete Barras. Em Eldorado, onde tem familiares, ele estava na casa da mãe – ele era filho único. O corpo, liberado pelo Hospital das Clínicas, foi sepultado no Cemitério Municipal de Eldorado.