A partir de sábado, o estádio do Pacaembu deixará de ser administrado pela Prefeitura de São Paulo e ficará sob responsabilidade do consórcio Allegra, que pagou R$ 115 milhões pelo direito de gerir o local pelos próximos 35 anos. Neste dia, será realizada a decisão da Copa São Paulo de Futebol Júnior.
A final é considerada a transição do comando do estádio do poder público para a concessionária. Porém, o torneio é de responsabilidade da Federação Paulista de Futebol e acontecerá nos mesmos moldes dos anos anteriores.
O início da nova gestão começa com a tentativa de entender a demanda dos clubes sem alterar radicalmente o modelo de negócios da concessionária. Quando um clube jogar no Pacaembu, a empresa pretende alugar para ele somente o campo e ficar responsável por toda a infraestrutura, faturando com os serviços no estádio.
A expectativa da Allegra era iniciar os trabalhos de fato no domingo, com o clássico entre Palmeiras e São Paulo pela segunda rodada do Campeonato Paulista. Os diretores da concessionária se reuniram com os palmeirenses, mandantes da partida, nas últimas semanas, mas não houve acordo. Na última quinta-feira, a FPF confirmou que o clássico será em Araraquara, no estádio da Fonte Luminosa.
Ninguém da concessionária nem do Palmeiras comenta detalhes dos encontros. Não houve desavença, tanto que o time alviverde confirmou que mandará no Pacaembu o jogo com o Oeste, dia 29, pela terceira rodada do Estadual.
Santos e São Paulo são as equipes que também devem utilizar o Pacaembu. Por enquanto, segundo o site da FPF, ainda não há nenhuma partida desses clubes programada para o local. A intenção da Allegra, ao alugar o Pacaembu, é manter valores próximos ao que já eram cobrados pela Prefeitura, mas com a exploração dos serviços.
O Palmeiras não aceitou mandar o clássico no Pacaembu porque não abre mão de ganhar também com a venda de comidas e bebidas. A Allegra está disposta a dialogar e não limitar o lucro dos clubes à arrecadação da bilheteria. Ainda não há uma definição de como será o novo modelo de aluguel a ser proposto pela nova concessionária.
Em 2019, o valor máximo de aluguel do estádio era de R$ 80.295 para jogos diurnos, ou 12% da receita bruta – o que fosse menor. Para partidas noturnas, a porcentagem subia para 15% da receita bruta ou um máximo de R$ 100.352. Os valores mínimos eram, respectivamente, de R$ 35.259 e R$ 36.613.
FATURAMENTO EM 2019 – No ano passado, a Prefeitura arrecadou R$ 1,6 milhão com o aluguel do Pacaembu, segundo levantamento feito pelo Estado, de acordo com o boletim financeiro das partidas. O Palmeiras e o São Paulo mandaram sete jogos cada um no estádio e o Santos, dez partidas. Ou seja, o município recebeu uma média de R$ 69.800 por jogo.
O Palmeiras foi quem mais pagou para jogar no Pacaembu na temporada passada: R$ 671.929,38. Dos sete jogos que fez, em cinco gastou o teto de R$ 100.352. O São Paulo atingiu o teto somente em uma partida, na estreia do Paulistão contra o Mirassol. Pagou no total R$ 413.980,29.
O Santos desembolsou R$ 589.828,37. Por duas vezes atingiu o teto e em uma das ocasiões atuou com portões fechados, pagando o valor mínimo para jogos noturnos de R$ 36.613.
A concessão para a Allegra Pacaembu foi assinada em setembro do ano passado e compreende todas as instalações: o estádio, a piscina, as quadras de tênis, o estacionamento e o ginásio poliesportivo. O Museu do Futebol, que funciona embaixo das arquibancadas, e a Praça Charles Miller ainda serão administrados pelo município.
Em entrevista ao Estado dias após a assinatura da concessão, Eduardo Barella, líder do consórcio, prometeu um salto financeiro. "Nossa expectativa é que, a partir do terceiro ano de uso, o Pacaembu tenha uma receita superior a R$ 100 milhões", comentou na ocasião. Ainda não há uma previsão de quando as obras no estádio devem começar. A expectativa é que o novo Pacaembu seja inaugurado em julho de 2022.