Dólar fecha em queda após cinco pregões de alta e recua para R$ 5,74

O dólar teve um dia de queda, após subir por cinco pregões consecutivos, período em que acumulou alta de 9%. O movimento de realização de ganhos nesta sexta-feira, 6, foi sustentado pelo exterior, onde a moeda norte-americana perdeu força, em meio à expectativa de reforço no diálogo comercial dos Estados Unidos com a China, após as críticas da Casa Branca responsabilizando Pequim pela pandemia de coronavírus.

No mercado doméstico, segue pesando a cautela com a atividade econômica e o cenário político, tanto que o ritmo de queda perdeu um pouco de força nos negócios da tarde. Na semana, o dólar subiu 5,5% e, no ano avança, 43%.

O dólar a vista terminou a sexta-feira cotado em R$ 5,7418, em baixa de 1,70%. No mercado futuro, o dólar junho era negociado a R$ 5,75 no final da tarde. Na mínima do dia, a moeda bateu na casa dos R$ 5,72, pouco depois do meio-dia.

O indicador mais aguardado da semana, o relatório de emprego dos Estados Unidos, chamado de payroll, mostrou fechamento de 20,5 milhões de vagas em abril. Como o número veio pouco abaixo do previsto por Wall Street (22 milhões), ajudou a reforçar a busca por ativos de risco, enfraquecendo o dólar.

Apesar de ficarem abaixo do esperado, a economista sênior do TD Bank, Leslie Preston, reforça que os dados do emprego vieram muito ruins e reforçam a visão de que o Produto Interno Bruto (PIB) americano deve ter contração de 41% neste segundo trimestre.

"O que não sabemos ainda é o quão rápido a atividade vai se recuperar", ressalta ela, destacando que muito dos postos fechados são temporários, mas tudo vai depender do combate ao coronavírus.

Ainda ajudou a reforçar a queda do dólar no mercado doméstico a promessa de Jair Bolsonaro de vetar aumentos de salários do funcionalismo dentro do pacote de socorro a Estados e municípios. Na quinta, quando Bolsonaro declarou que ia seguir "a cartilha" do ministro Paulo Guedes, as cotações do dólar desaceleraram o ritmo de alta. Os estrategistas do Citi ressaltam que, inicialmente, o presidente estava se posicionando contra o ministro.

A expectativa é que Bolsonaro assine o veto nesta sexta.

Os estrategistas do BNP Paribas, Gabriel Gersztein e Samuel Castro, comentam que a dinâmica do câmbio brasileiro está dificultando qualquer tipo de previsão de curto prazo e alertam para o risco de o real muito desvalorizado provocar uma fuga "desordenada" de capital de investidores locais. Além disso, o dólar muito alto pode ter impacto negativo nas condições financeiras de empresas e bancos, ressaltam em relatório.

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