Redução na tensão EUA-China e emprego norte-americano permitem alta do Ibovespa

A redução na tensão comercial entre Estados Unidos e China, que já estimula os mercados acionários internacionais esta manhã também deve servir de amparo para um início de pregão em alta na B3. Em meio a sinais de recrudescimento nas negociações, os dois países teriam se comprometido a criar condições favoráveis para implementação do acordo comercial bilateral "de fase 1", assinado em janeiro, além de melhorar a cooperação nas áreas de saúde pública e da economia.

"A Bolsa deve subir com o cenário externo favorável, mas sem que o investidor tire os olhos do dólar", diz Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença. A moeda norte-americana opera em baixa hoje, após recorde de alta na véspera. Às 10h41, a moeda norte-americana cedia 0,92%, a R$ 5,792.

A retomada das conversações reduziu o nervosismo dos investidores, lembram os economistas da MCM Consultores em nota. Nas últimas semanas, citam, o presidente norte-americano, Donald Trump, voltou a criticar o governo chinês e até ameaçou romper o acordo comercial se a China não comprasse bens e serviços dos EUA como prometido.

O fechamento menor que o esperado na geração de vagas nos EUA em abril também deve impulsionar os negócios na B3. No período, o país fechou 20,5 milhões de emprego, ante previsão de fechamento de 21 milhões. A taxa de desemprego atingiu 14,7% em abril, ficando pouco abaixo da projeção de analistas de 15%.

Já o corte de empregos em março foi revisado a 870 mil, de geração de 230 mil em fevereiro, a 230 mil. Ao mesmo tempo da divulgação, o presidente do país, Donald Trump, está se pronunciando, e disse que 2021 será um ano "fantástico" para a economia do país.

Às 10h41, o Ibovespa subia 2,04%, aos 79.713,16 pontos.

Caso o principal índice à vista mantenha-se em valorização, poderá diminuir as perdas da semana, ou até mesmo zerá-las. Até o momento, acumula queda semanal de 1,03%.

Um outro fator que pode favorecer os negócios no mercado de ações do Brasil é a expectativa de veto por parte do presidente da República, Jair Bolsonaro, desautorizando reajuste de servidores públicos. Antes, contudo, ele mesmo havia contrariado a posição do Ministério da Economia Bolsonaro, aprovando o aumento salarial para alguns segmentos da categoria.

Em contrapartida, há algumas notícias políticas que podem deixar o investidor um pouco cauteloso, como por exemplo a ida surpresa de Bolsonaro ao Supremo Tribunal Federal (STF) para pressionar o presidente Dias Toffoli contra o isolamento, juntamente com empresários, ontem. Ao comentar o assunto, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), condenou a atitude, reforçando as opiniões divergentes entre os poderes.

O investidor ainda avalia os balanços de algumas varejistas no primeiro trimestre, caso de Americanas, que reduziu em 8% o prejuízo no período, a R$ 49,2 milhões, ante igual período de 2019, e Natura. A empresa registrou prejuízo de R$ 820,8 milhões, ficando dez vezes maior que o visto há um ano. Por volta das 10h40, as ações das companhias cediam em torno de 1%. Já as ações da Vale, grande exportadora de minério para a China, subia mais de 3%, ajudando a sustentar a alta do Ibovespa, bem como Petrobras, que também avança acima de 3%.

Os números das companhias refletem em grande parte os efeitos da pandemia do novo coronavírus, bem como mostrou hoje o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), corroborando o desaquecimento da demanda por itens que não são considerados de extrema importância. Em abril, houve deflação de 0,31%, ante alta de 0,07% em março, ficando na menor marca desde 1998 (-0,51%). A queda foi maior que a mediana das estimativas dos analistas ouvidos pelo Projeções Broadcast, negativa em 0,25% (intervalo de -0,12% a -0,47%). A taxa acumulada pela inflação no ano ficou em 0,22%. Em 12 meses, o resultado foi de 2,40%.

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