No mesmo local em que vota o candidato Eduardo Paes (DEM), na zona sul do Rio, um eleitor dele foi votar portando um chapéu Panamá, apetrecho sempre presente na cabeça do ex-prefeito durante o Carnaval carioca. Neste domingo, contudo, o gesto teve um simbolismo especial: o prefeito Marcelo Crivella (Republicanos), adversário de Paes, atacou no debate da Globo a figura do Zé Pilintra, entidade da umbanda cuja vestimenta inclui esse estilo de chapéu.
O mandatário o citou em tom pejorativo no mesmo contexto em que também foi acusado de homofobia ao dizer que Paes transformou o Rio na "capital do turismo gay". Foi em resposta ao que considera preconceito de Crivella que o eleitor Jorge Mariano, umbandista de 52 anos, chegou para votar. "É para mostrar que a gente tem que ter coragem, não tem que se esconder", apontou o profissional autônomo.
Crivella foi o único prefeito da história do Rio na Nova República a não pisar na Sapucaí durante os desfiles das escolas de samba. Ele é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus, e as declarações da última sexta-feira foram consideradas preconceituosas por adeptos das religiões de matriz africana.
Paes também as repudiou. "Ele é o prefeito do preconceito. Não consegue entender os cariocas. Só fala para o grupo político do tio dele (o bispo Edir Macedo, líder da Universal). O Rio é uma cidade muito diversa para ter um prefeito preconceituoso", disse neste sábado.