O presidente da China, Xi Jinping, ressaltou nesta segunda-feira, 25, a importância da cooperação entre os países para a produção e distribuição de vacinas contra o coronavírus. "O problema do mundo pode ser resolvido, mas não por países isoladamente", disse ele durante pronunciamento no primeiro dia da versão online do Fórum Econômico Mundial (WEF, na sigla em inglês), chamada de Fórum Digital de Davos. Justamente por causa da pandemia de covid-19, a organização decidiu fazer o evento, que tradicionalmente reúne todos os anos a elite econômica e política do mundo nos Alpes suíços, de forma virtual.
O presidente recordou que 2020 foi tomado pelo surto e que a economia de todo o globo entrou em recessão profunda. O ano também foi marcado, de acordo com ele, pela coragem das pessoas em todo o mundo. Apesar disso, fez um prognóstico negativo: "A pandemia está longe do fim".
Xi Jinping comentou que os problemas enfrentados pelo mundo hoje são complexos e novamente criticou ações isolacionistas. "A História está mudando rapidamente. Cada escolha, cada movimento feito hoje moldará o futuro do mundo", previu. Por isso, segundo ele, a humanidade não pode aprender da "maneira mais dura". "Não podemos dividir o mundo", defendeu.
Em seu discurso, prometeu que a China vai trabalhar com todos os países para um mundo mais justo e que a união em relação às vacinas é um esforço que vai contribuir para eliminar o coronavírus no globo. "Não há espaço para discursos contra a globalização", afirmou.
O presidente também disse que seu país vai continuar a promover o desenvolvimento sustentável e que alcançará metas autoimpostas para diminuição de poluição e também firmadas no Acordo de Paris em 2060 e 2030. "Essas metas são um tremendo trabalho para a China. Temos certeza de que vamos atingi-las", considerou.
A China vai continuar a desenvolver a ciência, a tecnologia e a inovação, conforme o líder, que falou sobre o crescimento de investimentos robustos nessas áreas. "Este é o único caminho", disse. Depois do pronunciamento de Xi Jinping, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, exaltou a decisão da China de ser parte ativa no combate à covid-19 e também elogiou o viés do presidente voltado para a ciência e a tecnologia. "Só um mundo e só um futuro em comum", frisou o alemão.
<b>Regras internacionais</b>
Xi Jinping também defendeu a criação de leis mundiais para direcionar o rumo do mundo. "Temos que pensar em regras internacionais em vez de supremacias", afirmou. "Sem regras e leis internacionais, a consequência será devastadora para a humanidade", previu.
Para o líder asiático, a melhor forma de enfrentar os problemas atuais do mundo é por meio do aprendizado que só o trabalho em conjunto oferece. Em seu discurso, ele citou algumas vezes as palavras "democracia" e "liberdade" e dezenas de vezes "cooperação". Também comentou que o mundo precisa ser o mais aberto e inclusivo possível. Dessa forma, segundo o presidente chinês, haverá estabilidade.
Outra expressão que permeou o pronunciamento de Xi Jinping foi multilateralismo. Falhas que por ventura estejam ocorrendo com o atual sistema, de acordo com ele, não podem ser usadas como pretexto para a adoção do unilateralismo. Por isso, defendeu também o diálogo e execrou todos os tipos de guerras, citando até algumas em que seu país está diretamente envolvido: guerra fria, guerra quente, guerra comercial e guerra tecnológica.
O líder disse ainda que a China está mais aberta ao comércio e ao desenvolvimento e que vem defendendo uma maior cooperação Sul-Sul. Esta seria uma forma para que os países em desenvolvimento atinjam mais crescimento, segundo ele. "Temos que nos adaptar às mudanças de cenário no globo", afirmou, defendendo a existência de oportunidades não apenas para as nações mais ricas, mas também para os países em desenvolvimento.
De acordo com o presidente, entregar as metas de sustentabilidade firmadas no Acordo de Paris é uma forma de os emergentes também se beneficiarem. "O isolamento sempre fracassa", considerou. Depois da fala de Xi Jinping, o fundador do Fórum, Klaus Schwab, elogiou fortemente o trecho em que o chinês defendeu a criação de leis internacionais.