Para avaliar um Land Rover Discovery 4 HSE, o top de linha da marca, são necessárias algumas considerações para entender que se trata de um automóvel diferente, multi-uso, que permite ao feliz condutor diferentes interpretações, dependendo do caminho que se pretende seguir. É um veículo que reúne tudo de bom que se pode encontrar por aí. Ele se dá muito bem na cidade, apesar de seu tamanho aparentemente exagerado. É delicioso numa estrada em uma viagem mais longa com a família ou amigos. E – incrível -, tirando proveito de toda sofisticação embarcada, enfrenta com maestria terrenos difíceis.
Para aproveitar ao máximo o que o Discovery 4 oferece, o Jornal do Farol Autos, durante uma semana, promoveu uma avaliação que incluiu cidade, estradas e trilhas, contando inclusive com a colaboração de um grupo de loucos por quatro por quatro. Vale salientar que o modelo avaliado, top de linha, conta com um acabamento digno de carro de luxo, com uma série de equipamentos, que passam sensação de conforto para até sete ocupantes. Oferece também recursos tecnológicos que permitem subir até em paredes – quase sem exageros.
No total, forma percorridos perto de 700 quilômetros: 250 km em rodovias, 200 km em cidades e outros 250 km em trilhas e estradas vicinais de terra.
Na cidade, agilidade de um carro pequeno
Quem vê por fora um Discovery 4, inevitavelmente, tem a impressão de que se trata de um trambolhão. Linhas retas e tamanho avantajado passam a ideia de que é um carro pesado, lerdo, difícil de estacionar, certo? Errado. Ao assumir o volante, diante de todo aparato, tudo isso fica para trás. Graças ao eficiente motor turbodiesel 3.0 V6, o peso do veículo parece desaparecer. A agilidade em meio aos carros menores, para manobras rápidas no trânsito, é de tirar o chapéu. Basta pisar que a resposta é imediata.
Lógico que – para quem assiste a Land Rover passar – o tamanho pesa a seu favor. Difícil quem tope entrar numa dividida com o Discovery. Ele vai ganhar sempre. Como é alto, dá para ver tudo por cima, como se o resto do mundo vivesse numa outra dimensão. Nesta hora, nada melhor que desfrutar dos itens de conforto que incluem ar condicionado digital individualizado, sistema multimídia inteligente no painel central, um som de excelente qualidade, entre outros detalhezinhos a mais sempre disponíveis nesses carrões.
Exemplos não faltam. Para entrar no carro, basta puxar a maçaneta. Nada de chave. É presencial. Para acionar o motor, só apertar o botão. Soltar freio de mão? Que nada. Só pisar no acelerador que ele entende. A mesma coisa na hora de parar. Mesmo numa ladeira. Parou o carro, voltou o câmbio automático à posição neutra e o freio de estacionamento está acionado. Fácil demais.
O acesso à terceira fileira de bancos, onde é possível viajar com o mesmo conforto da segunda, é simples. Levanta-se o banco puxando uma alça, sem a necessidade de exercícios extras. Vale o mesmo para esconder os dois últimos bancos a fim de ampliar o porta-malas. Dobra o assento, depois o encosto. Tudo guiado pela lógica. Quem vai na segunda fileira, conta com duas telas dispostas atrás dos bancos dianteiros. Cada um pode selecionar um programa diferente em DVD ou mesmo em vídeo game. Para evitar confusão, há fones de ouvido para individualizar a programação. Ah, nas três fileiras teto solar panorâmico. Apenas o primeiro, para motorista e acompanhante da frente, abre.
O motorista regula o banco dianteiro de forma elétrica, contando com programações individualizadas para diferentes condutores, que ficam gravadas na memória. Na tela central, sensível ao toque, controles do sistema de som e vídeo, informações do veículo, climatização, entre outros dados bem interessantes. Por exemplo. Na condução off Road, ele mostra o movimento de toda a suspensão e de cada roda. Ainda na tela, imagens reais da câmera de ré, que pode ficar acionada numa manobra mesmo quando está seguindo para frente.
Na estrada não é muito diferente. Prevalece o tempo todo a sensação de conforto e a impressão – sempre verdadeira – de que você vai fazer aquilo que pretende. É difícil se segurar nas velocidades permitidas nas rodovias, já que – a qualquer pisadinha mais forte no pedal da direita – o bicho acelera com extrema facilidade, em manobras dignas de carros esportivos. Por exemplo, quando há dúvidas se é possível promover uma ultrapassagem numa pista de mão dupla, logo ela desaparecerá. Basta dar a seta, pisar e voltar logo em seguida. Não fica na mão.
Se quiser mais tranquilidade ainda e não se arriscar a cair em tentações, não há outra forma que não seja acionar o "piloto automático" na velocidade desejada e só cuidar da direção. O Discovery 4 toma conta do resto na mais perfeita paz.
Vamos para as trilhas
Para explorar ao máximo os atributos do Discovery 4, ele foi levado a trilhas de diferentes características durante dois dias. A primeira, na região de Votorantim, no interior de São Paulo, foi marcada por incursões em estradinhas usadas por madeireiros em uma grande plantação de eucaliptos. Muito usada por jipeiros em raids e ralis, os caminhos pareciam bastante apertados para um Land Rover desse porte. E eram mesmo.
Muitas vezes, a gente que não está muito acostumado com esse tipo de trilhas e com a condução off road, tinha a certeza de que não era possível seguir adiante. Mas era. Em determinadas situações, o inevitável frio na barriga, como numa rampa bastante íngreme, tanto para subir como para descer. Na posição normal, sem alterar a configuração, o carro sobe sem atropelos. Para descer, idem. Mas dá para melhorar ainda mais. A partir de um comando no painel, basta soltar que o Discovery vai sozinho. Sim. Nada de pisar no freio ou no acelerador. Ele desce na maior segurança do mundo.
De volta aos caminhos bastante fechados, fora o tamanho que parecia dissonante com o percurso, em determinado momento uma árvore caída, com a copa bem no meio da trilha, impossibilitou de seguir adiante. Foi necessário voltar de ré, por cerca de 500 metros em meio à mata quase fechada e piso completamente imperfeito. Em outro momento parecido, mas com a copa caída fora da trilha, o Discovery foi adiante. Bastou entrar com as rodas nos lugares certos para ele superar o obstáculo intransponível para muitos outros quatro por quatro.
Nas estradinhas de terra, marcadas por valetas e sulcos avantajados, poeira só do lado de fora. Por dentro, quase sem solavancos, graças à suspensão mais inteligente do que de muita gente, e ainda gozando do sistema de ar condicionado, nada de emoções indesejadas. Interessante que, quanto maior a velocidade, menor a sensação de estar transitando numa estrada de chão batido. Talvez, no Brasil, essa condição seja uma das mais difíceis que os proprietários de um Land Rover enfrentam. Dificilmente, alguém levará um carro que vale perto de R$ 270 mil a condições extremas.
Como se tratava de uma avaliação jornalística, o objetivo era levá-lo aos limites. Com a ajuda de São Pedro que despejou um toró no final da tarde, a manhã seguinte reservou uma trilha bem molhada, com trechos tomados por barro e muita água, já numa trilha entre as cidades de Guarulhos, Santa Isabel e Nazaré Paulista, na região metropolitana de São Paulo. Desta vez, para entender melhor do que o Land Rover é capaz, veio a companhia de outros três 4 x 4: um Jeep Wrangler, um Troller T4 e um Mitsubishi L200 Savana, conduzidos por integrantes do grupo Guarulhos Off Roaders. Porém, diferente do Discovery 4, os três eram preparados para o off-road, com modificações estruturais, que incluem suspensão e pneus apropriados para o fora de estrada.
Durante todo o trajeto, o Discovery se saiu extremamente bem, subindo e descendo uma serra com o piso de pedras, em meio a alguns lamaçais e nas estradinhas de terra. Em determinado momento, o teste que revelou tratar-se de um carro especial. Assim como os companheiros fora de estrada, o Land Rover subiu e desceu um barranco ao lado da trilha sem titubear.
Ao lado da trilha, um barranco do lado esquerdo se oferecia para uma manobra mais arriscada. Em um ângulo bastante inclinado, sem qualquer nivelamento, o Wangler abriu o caminho. Em seguindo o Discovery 4, apenas com a modificação no comando do painel para subida íngreme. Sem titubear, apenas com o pé no acelerador na medida certa, lá foi o valente e intrépido Land Rover morro acima. No topo, sem muito espaço para manobrar, a gente se vira para preparar a descida tão logo o Troller sobe e desce. Para baixo, repetimos a manobra do dia anterior, deixando que o carro seguisse por sua conta, apenas direcionando o volante. Show.
Passado o último obstáculo mais difícil, hora de seguir rumo ao nosso destino pelas estradinhas que, nessa altura, apesar de todas as imperfeições, parecia um lindo tapete.
Ficha Técnica – Discovery 4 HSE TDV6
Motor |
TDV6 de 3,0 l 245 cv |
Altura |
1887 mm |
Largura |
2176 mm |
Comprimento |
4829 mm |
Distância entre eixos (em) |
2885 mm |
Suspensão dianteira |
Braço duplo da suspensão dianteira independente do ar libertado |
Suspensão traseira |
Braço duplo da suspensão dianteira independente do ar libertado |
Freio dianteiro |
Calibre com dois pistões deslizantes, 360 mm de disco ventilado |
Direção |
Cabide e Asa PAS |
Sistema de tração nas quatro rodas |
Tempo completo das quatro rodas com centro de fechamento std Eixo traseiro opcional de bloqueio diferencial disponível com Suspensão de Ar + Terrain ResponseTM
|
Tipo de motor |
Longitudinal V6, 24 válvulas, quatro OHC, injeção direta a diesel, turbos paralelos sequenciais |
Força Máx. |
180 kW @4000rpm |
Nm de Torque máx |
443 Nm @2000rpm |
Emissões |
EU5 |
Transmissão |
ZF 6HP28 auto de 6 velocidades |
Capacidade do tanque de combustível litros |
82,3 l |
Aceleração 0 – 100km/h |
9,6 s |
Velocidade máxima (kph) |
180 km/h |
Preço |
R$ 262.900 |