O movimento virtual em defesa do deputado preso Daniel Silveira (PSL-RJ) cresceu consistentemente ao longo da tarde desta quarta-feira e foi impulsionado, principalmente, pelas menções de apoio ao parlamentar e ataques ao Supremo Tribunal Federal (STF), conforme mostra levantamento realizado pela consultoria de dados Bites, feito a pedido do <i>Estadão/Broadcast</i>, com base nas interações do Twitter e outras redes.
Apesar de o presidente Jair Bolsonaro não ter se pronunciado sobre o assunto, outros aliados do presidente e apoiadores de direita se organizaram em defesa de Silveira. Nas redes, o bolsonarismo confia no presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para ficar do lado de Silveira, porém quem saiu em defesa dele foram alguns deputados fora do círculo mais próximo do Planalto e não tão identificados com o governo.
A mobilização levou as hashtags em defesa do parlamentar ao topo dos assuntos mais comentados, entre elas, #STFVergonhaMundial teve 227,9 mil menções no Twitter e #STFVergonhaNacional, 42,7 mil, bem como #impeachmentdeAlexandredeMoraes teve 80,5 mil tuítes, e #SomosTodosDanielSilveira, 36,5 mil. A atenção do público e da mídia para o caso atingiu o pico por volta das 15h de ontem, durante sessão do Supremo que validou a decisão de prisão em flagrante do deputado.
Silveira foi preso na noite de terça-feira (16), por ordem do ministro do STF Alexandre de Moraes, após o parlamentar publicar um vídeo com apologia ao Ato Institucional 5 (AI-5), o instrumento mais rígido da repressão militar durante a ditadura, e com ataques e ofensas aos ministros da Corte.
Entre os parlamentares colegas de Silveira que tiveram mais repercussão sobre o caso, estão os deputados Marco Feliciano (Republicanos-SP) e Marcel Van Hattem (Novo-RS). "Gravíssimo ataque ao Parlamento! Prender o deputado Daniel Silveira por suas opiniões é rasgar a Constituição e atentar contra a democracia. Não concordo com o perfil do deputado, mas o STF não é o dono do Brasil. Hoje foi Daniel, amanhã pode ser qualquer outro parlamentar", escreveu Feliciano. Já Van Hattem publicou um texto em que se diz "contra o arbítrio do Supremo" e voltou a defender a CPI da Lava Toga.
Dos influenciadores não políticos, um dos destaques foi o pastor Silas Malafaia que compartilhou vídeo dizendo que "xingar e caluniar Bolsonaro pode, falar mal de ministro do STF dá cadeia!". "É a ditadura da toga do STF, na expressão máxima do ditador-mor, o senhor Alexandre de Moraes", afirma
Desde o momento da prisão (16) até ontem à noite às 18h30, cerca de 1,57 milhão de tuítes mencionaram Daniel Silveira, Moraes ou o Supremo. Número acima, por exemplo, que as 469 mil menções ao presidente Jair Bolsonaro ou as 475 mil menções à pandemia da covid-19.