O jovem ganhou a bicicleta dos pais há cinco meses depois de muito insistir. Afinal, "todo mundo tem", argumenta. Nesse período, caiu duas vezes (uma depois de fechar um carro e outra escorregando) e passou o sinal vermelho em um dia em que "estava com pressa".
O estudante afirma que, quando isso aconteceu, um policial militar chamou sua atenção e ameaçou apreender a moto, mas nada lhe aconteceu. Ele conta que costuma pegar a moto de um tio emprestada e que, nesse caso, sempre usa capacete. "A moto podem apreender, né?", comenta, mostrando conhecimento da legislação e sabendo que a bicicleta dele é enquadrada de outra maneira.
Outro que diz ter passado impune pela fiscalização é o também estudante Antônio*, 16. "Já me pararam umas dez vezes e só pedem nota fiscal. Normalmente implicam quando eu empino". Antônio inclusive trocou o motor de sua bicicleta, que hoje chega a 75km/h. "O que eu mais gosto é da adrenalina. Sem contar que as meninas ‘pagam um pau".
Artur Carvalho, 18, gerente de uma loja que vende o produto, confirma o sucesso das bicicletas motorizadas. Ele calcula uma média de 50 vendas por mês a um preço médio de R$ 1400 cada. Comenta que o fabricante do produto que está instalado na cidade fabrica cerca de 500 unidades por mês. Deste total, 20% seriam destinados ao mercado da cidade. "Quem compra são os pais, nós adotamos como política não vender nada para quem tem menos de 18 anos. Nosso manual de segurança diz para usar capacete, sempre incentivamos a proteção do usuário", afirma.
Rodrigo Paim Carvalho, capitão da Polícia Militar, admite que a fiscalização das bicicletas é difícil sem que exista uma norma municipal que permita autuar quem desrespeita a lei. "Estamos de mãos atadas. Se não tem placas nem CNH, como é que poderíamos fiscalizar e punir o infrator?", questiona.
Os nomes utilizados para identificar os jovens nesta matéria são fictícios.
