Cidades

Ações públicas colocam Guarulhos no caminho da sustentabilidade

O município não tratava uma gota sequer do esgoto gerado por sua população

 No ano em que comemora seu 450° aniversário, a Cidade de Guarulhos começa a se livrar de uma triste marca que ostentou durante mais de 449 anos. Durante este período, o município não tratava uma gota sequer do esgoto gerado por sua população.

Mas neste ano, com investimentos da ordem de R$ 318 milhões, grande parte proveniente do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), a cidade já conta com ações no sentido de mudar esta realidade. Em operação desde setembro, a Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) São João – a primeira das cinco estações previstas a serem entregues – tem capacidade para tratar 15% do esgoto coletado, beneficiando 195 mil moradores de diversos bairros.

Além disso, a rede coletora e os coletores-tronco tem se expandido, enquanto a ETE Bonsucesso já encontra-se em obras. As ETEs Cabuçu, Fortaleza e Várzea do Palácio tem previsão de entrega até o fim de 2012.         

Até o momento, foram investidos R$ 318 milhões em obras gerais relacionadas ao tratamento de esgoto no município, entre recursos do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e da Prefeitura. A meta é fechar 2012 com 73% do esgoto tratado na cidade.

Segundo o plano diretor, a ETE Várzea do Palácio beneficiará 195 mil moradores com o tratamento de 20% do esgoto da cidade. A ETE Bonsucesso contemplará 260 mil guarulhenses, com o mesmo percentual da Várzea do Palácio. Já a ETE São Miguel atenderá 250 mil pessoas, também com 20% de tratamento e as ETEs Cabuçu e Fortaleza beneficiarão 39 mil habitantes, porém com 3% de tratamento.

Vanda dos Santos, professora da Universidade Guarulhos (Ung) e também coordenadora do Núcleo de Resíduos da instituição de ensino, revela que os estragos causados pela demora em tratar o esgoto são  reversíveis, porém os custos são elevados e o tempo bastante longo.

Ela cita o tratamento do rio Tâmisa, na Inglaterra – tido como exemplo de sucesso – que começou a ser delineado em 1895 e passou a apresentar, lentamente, os primeiros resultados a partir de 1930. Apenas no final da década de 70, quase 100 anos após seu início, resultados perceptíveis foram alcançados.

            "A cidade sustentável é um processo, que pressupõe um conjunto de mudanças, dentre elas melhorarem a qualidade de vida das populações e superar as desigualdades sócio-econômicas como condição para o crescimento econômico e não como sua conseqüência", explicou. Vanda revela também que isso depende, também, da gestão correta dos recursos ambientais da cidade, entre eles os recursos hídricos, o solo, o relevo, a vegetação, etc.

"A deterioração ambiental das cidades é conseqüência da superexploração de seus recursos ambientais, da não-observância dos seus limites e da capacidade de suporte do ambiente às atividades urbanas".

Segundo o último levantamento do Instituto Trata Brasil, datado de 2008, Guarulhos aparece na 58ª posição entre 81 cidades, com população acima de 300 mil habitantes, no ranking de tratamento de esgoto.

O presidente do instituto, Édison Carlos, mostrou-se otimista com a mudança. "Saneamento é uma pauta esquecida, foram 20 anos tratado sem prioridade alguma. A situação de Guarulhos era assustadora, hoje começa a mudar", comenta. "Há uma preocupação muito grande com as contaminações por contato com esgoto. Por isso é importante tratar", completa.

Entenda como  funciona a rede

 

O tratamento de esgoto na cidade é dividido em seis regiões da cidade (Bonsucesso, Cabuçu, Fortaleza, Pimentas/Cumbica, São João e Várzea do Palácio).

 

No Cabuçu, foram instalados cerca de oito quilômetros de rede em 2008. Em setembro, foram concluídas as obras de implantação dos coletores-tronco, linhas de recalque e estações elevatórias. Resta a ETE Cabuçu para finalizar a colocar o sistema em operação.

 

Já no Fortaleza, 20 quilômetros de redes coletoras foram finalizadas em 2008. Falta 1,2 quilômetros para ligar a rede à ETE Fortaleza, que ainda será construída.

 

Na região do Pimentas e Cumbica, a rede será ligada à ETE São Miguel, do sistema metropolitano. Para isso, o Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) implantou 44 quilômetros de redes coletoras. Serão construídas mais 12,5 quilômetros e outros 31,4 de coletores-tronco, além de 708 metros de linhas de recalque, 3,4 quilômetros de interceptores e 19 estações elevatórias.

 

Na Várzea do Palácio, 11,3 quilômetros de coletores troncos e interceptores integrarão os 5 quilômetros de rede à ETE, que aguardam repasse do governo federal para início das obras. Esta estação produzirá água de reuso para fins industriais no futuro.

 

Em operação, a ETE São João conta com 6,4 quilômetros de rede e chegará a 14 de coletores-tronco, além de 1 quilômetros de interceptor. E, por fim, a unidade de Bonsucesso está em construção desde julho deste ano.

 

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