Vizinhos da Maternidade Jesus, José e Maria, no Jardim Renato Maia, dizem que uma obra no local já havia provocado danos nas casas no entorno. No final da noite de terça-feira, um muro de contenção desmoronou causando efeito dominó em parte da maternidade e nas obras do Instituto da Mulher.
Andrea Viegas Bueno, 38 anos, advogada, mora na rua Ouro Verde e tem um imóvel no quarteirão que dá fundos para a maternidade. Ela conta que no mês de agosto, ao menos quatro vizinhos sofreram com desmoronamentos em suas casas desde que a obra do Instituto da Mulher teve início, no primeiro semestre deste ano.
"Muros de quatro casas caíram e, em uma delas, uma edícula desabou completamente. No entanto, a moradora conseguiu sair com as três crianças do local poucos minutos antes do ocorrido", disse.
A advogada menciona ainda sua preocupação com um dos seus imóveis. "Fico apreensiva em ter danos em minha casa, que fica no mesmo quarteirão"
As informações da moradora são compatíveis com as queixas recebidas pelo vereador Toninho Magalhães (PTC). "Há alguns eles me procuraram para reclamar dos problemas. Cheguei a falar com a direção da maternidade e um engenheiro da obra. No entanto eles não tomaram as providências necessárias em relação aos danos causados aos moradores", disse.
A vereadora Luiza Cordeiro (PSdoB) comenta que teve conhecimento da queixa. A parlamentar ressalta que no anexo funcionavam um alojamento para mães com bebês internados, um ambiente para amamentação e uma farmácia. "Sabendo do risco de desabamento, o diretor da maternidade retirou os desocupou o prédio, o que evitou uma tragédia", afirmou.
A Secretaria da Saúde informou que o prédio foi desocupado para analise de rachaduras.De acordo com nota divulgada à imprensa pela Prefeitura, a Defesa Civil Municipal realizou vistoria nos imóveis das proximidades da maternidade, não constatando danos estruturais em nenhum deles.
No local, o Guarulhos Hoje constatou muros caídos e rachaduras em uma residência, que não desmoronou, mas cedeu em alguns centímetros, antes do ocorrido com o prédio anexo.
A maternidade é gerenciada pela Associação Beneficente Jesus, José e Maria, sendo uma entidade filantrópico-privada que oferece atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS) por meio de repasse da Prefeitura.
Deslizamento ocorreu às 23h
Ainda não se sabe o que levou a queda do prédio anexo, que ocorreu por volta das 23h desta terça-feira. Moradores dizem que houve um efeito dominó. Informações dão conta de que as causas podem estar atreladas a um erro no projeto de obra do Instituto da Mulher. A construção foi iniciada em abril deste ano, com investimento da ordem de R$ 15,5 milhões, segundo informou a entidade à Secretaria Municipal de Saúde. De acordo com a Pasta, a obra não foi atingida.
O anexo abrigava um gerador e instalações elétricas. A maternidade teve seu fornecimento de energia elétrica interrompido às 7h, por isso seis bebês e três gestantes foram transferidos para os hospitais Pimentas Bonsucesso e da Criança.
Até o fechamento desta edição, o fornecimento ainda havia sido retomado. As mães internadas na JJM permaneceram na unidade, sendo que a Secretaria da Saúde disponibilizou uma ambulância e equipes para atender possíveis emergências. Os pacientes com consultas e exames marcados para ontem tiveram que remarcar os procedimentos.
