Cidades

Passageiros entendem que atual sistema de transporte não justifica aumento de tarifas

A insatisfação da população é geral no primeiro dia com a mais cara tarifa nos ônibus e lotações que circulam no município

Poucos ônibus circulando, demora excessiva no intervalo entre as linhas, veículos cheios. A insatisfação da população é geral, ainda mais ontem no primeiro dia com a nova e mais cara tarifa nos ônibus e lotações que circulam no município. O aumento de R$ 2,65 para R$ 2,90, um aumento de 9,43% em relação ao valor anterior, deixou muitos passageiros insatisfeitos na cidade.

Nos pontos de ônibus do Centro, as críticas variavam e o benefício futuro do Bilhete Único, que deve começar a funcionar a partir de sábado, foi até desconsiderado pelos guarulhenses.

A doméstica Vanda Maria, 68, aguardava sentada no ponto de ônibus da avenida Esperança, ao lado de goteiras de infiltrações no local onde os passageiros deveriam estar protegidos das chuvas. "O sistema ainda é muito ruim. Moro no Ponte Alta e lá os ônibus demoram muito, são poucos e, por isso, estão sempre cheios", denuncia. "Já cheguei a ficar uma hora e meia esperando lá", completa.

Para o eletricista José Denílson de Souza, 44, o aumento prejudicará o sistema viário da cidade. "Isso incentiva a ter mais carros nas ruas. Eu já não costumo usar ônibus, mas minha esposa e meu filho sim", enfatiza. A falta de linhas que atendam a contento suas necessidades fez com que Souza abandonasse a ideia de usar ônibus para o trabalho. "Pelo meu percurso, nem compensa ir de ônibus, prefiro que o patrão pague a gasolina", diz.

Já a estudante Fabiana Aparecida, 17, é mais direta. "Os ônibus não são qualificados para cobrarem esse preço", sentencia.

Mudanças – As alterações no novo sistema de transporte público da cidade, que gerará a renumeração das linhas existentes e, principalmente, mudanças no trajeto já começa a causar insatisfação nos usuários.

O publicitário Alexandre Callegares, 22, procurou a reportagem para manifestar sua preocupação com as mudanças. Ele utilizava a linha Jardim São Paulo – 22, e diz que as alterações nos caminhos o prejudicarão. "No meu caso, terei que pegar um ônibus até a Igreja do Santa Mena e caminhar a pé até o cemitério do Picanço para pegar outro ônibus", descreve.

Universitário, Callegares teme por sua segurança. "Terei que caminhar este trecho à noite, próximo da meia-noite, que é o horário que saio da faculdade. Além disso, imagina uma pessoa de idade no meu lugar", compara.

Linhas – O Guarulhos Hoje questionou a Prefeitura sobre as mudanças que ocorrerão nas linhas e quantas serão após o início do funcionamento do sistema de transportes novo e foi informada que todas linhas sofrerão alterações nos trajetos. Em release, informaram que equipes da Secretaria de Transportes e Trânsito (STT), espalhadas por diversas regiões da cidade, estão orientando os passageiros e distribuindo folhetos e cartilhas. E também há cartazes afixados no interior dos próprios ônibus com informações sobre o processo de reestruturação do sistema de transporte.

Economista diz que aumento representa meio salário mínimo

Por passagem, o usuário pode considerar o aumento pouco expressivo, visto que a diferença é de R$0,25 em relação ao custo anterior. Mas, quando comparado em uma escala maior, visto que o trabalhador utiliza ônibus, em média, 22 dias por mês, o valor começa a ganhar proporções maiores.

Segundo o economista e professor da Universidade de Guarulhos (UNG), Antônio Azambuja, o reajuste impacta diretamente no salário mínimo. "Considere que, na média, cada passageiro faz três viagens por dia, dá quase R$ 20 de impacto no mês. Como o aumento do mínimo deve ser de 5%, o reajuste já foi gasto em transporte", exemplifica.

Considerando 22 dias úteis por mês e 12 meses no ano, um passageiro que segue o exemplo dado pelo economista, com três viagens diárias, gastará ao longo do ano R$ 2.296,80 somente em ônibus, cerca de R$ 200 a mais.

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