Levantamento do Instituto Trata Brasil, divulgado nesta semana, revela que Guarulhos teve uma média de 20,8 internações para cada 100 mil habitantes por conta de problemas com saneamento básico. Segundo o estudo elaborado pelos pesquisadores Denise Kronemberger e Judicael Clevelário Júnior, o atraso de anos na coleta e tratamento de esgoto de Guarulhos pode deixar um saldo negativo no futuro nas novas gerações.
A pesquisa "Esgotamento sanitário inadequado e impactos na saúde da população" aponta que a diarreia responde por mais de 50% das doenças relacionadas saneamento básico inadequado, ou seja, 67 mil crianças com até cinco anos nos 81 municípios pesquisados.
Atualmente Guarulhos coleta 76% de seu esgoto e trata apenas 15% deste montante, fator desconsiderado pelo apontamento, que trabalhou com dados de 2008. O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) planeja o tratamento de 73% do esgoto da cidade até 2012.
Segundo o presidente executivo do instituto, Édison Carlos, em épocas de chuvas a situação é mais perigosa, por conta das enchentes que misturam águas das chuvas com esgoto provenientes de córregos a céu aberto. "Amplia muito o risco de contrair doenças, principalmente pelo hábito de abrir bocas de coleta de esgoto para ver se a água escoa mais rápido, o que acaba espalhando o esgoto", exemplifica.
Se comparado com municípios como Piracicaba e São José do Rio Preto, com 51,7 e 51,4 internações a cada 100 mil pessoas, Guarulhos encontra-se em melhor posição. "Não tem um índice tão alto porque Guarulhos lança o esgoto da cidade em cursos dágua e afasta da cidade, mas sobrecarrega municípios vizinhos. É preciso uma maior responsabilidade social da cidade", afirma Carlos.
O presidente do instituto diz que a coleta de Guarulhos, de 76% é razoavelmente boa, mas é preciso evoluir. "A melhoria é fundamental para populações vizinhas também, que recebem essa carga poluidora", completa.
"Passa da hora de Guarulhos melhorar"
O vereador e médico Ricardo Rui (PPS) comentou que o problema de saneamento básico de Guarulhos é antigo e que já passa da hora da cidade melhorar neste quesito. "Sempre tivemos índices altos de internações, agora a tendência é melhorar. Infelizmente, nas periferias, com córregos a céu aberto, a incidência é maior, até com infecções fecal-oral", alerta.
Rui lembra das negociações da Prefeitura com o ex-governador José Serra que reduziram de 30 para 10 anos o tempo para Guarulhos tratar seu esgoto e adiciona. "O município tem que assumir suas responsabilidades. Tratarmos nossa sujeira, não jogar para os outros", define.