O presidente da Federação Paulista de Futebol (FPF), Reinaldo Carneiro Bastos, apontou para a necessidade de haver mudanças no futebol depois que os torneios voltarem. O dirigente entende que um movimento a ser feito é no formato das negociações dos direitos de transmissão dos campeonatos, que devem, segundo ele, passar a ser coletivas e não mais individuais.
"O futebol mudou a nossa cabeça como um todo. A minha, dos presidentes dos clubes, dos médicos, dos atletas e dos árbitros. Nós temos que mudar o nosso jeito de ser. Temos que ser solidário, pensar no todo. Nosso produto é a competição, portanto o clube vai ganhar mais se a competição valer mais. Esse acontecimento vai levar a uma mudança no futebol brasileiro. Os clubes vão ter que caminhar com negociações coletivas de direito de televisão", avaliou o presidente da FPF em entrevista à TV Gazeta. "Hoje, só Brasil e México negociam individualmente o campeonato nacional. As melhores ligas do mundo são negociações coletivas. Vale mais e se consegue negociar melhor. Esse vai ser o caminho", completou.
Os direitos de transmissão do Campeonato Paulista pertencem à Rede Globo, que também é detentora do Campeonato Brasileiro. Reinaldo Carneiro Bastos comentou a suspensão do pagamento pela emissora diante da crise sucedida pela paralisação do Estadual em virtude da pandemia do novo coronavírus. A expectativa é de que os clubes voltem a receber assim que o torneio for retomado.
"A expectativa é que, se programando a volta com datas e o campeonato voltando a funcionar, a Globo volta a pagar e os clubes a receber", declarou o mandatário. "O que nós temos conversado com os clubes é de fechar as torneiras, cortar os custos, negociar com seus credores. Dinheiro vai faltar. A Federação suspendeu mais de 50% dos contratos que ela tem", revelou.
O presidente da FPF explicou o cenário atual das três divisões do Estadual a partir do que tem conversado com os dirigentes de todos os clubes paulistas em relação à nova data para o campeonato voltar a ser disputado. Carneiro Bastos pediu que haja um entendimento entre os envolvidos.
"O cenário mais difícil é o da Série A1 porque 13 clubes tem competições nacionais. Na A2 tem o São Bento na Série C e o São Caetano na Série D. A A3 tem uma folga. Na reunião que fizemos com todos os presidentes dos clube da A3, a estratégia foi de voltar com calma e no momento oportuno. Na A1 tem que haver um entendimento, os clubes querem jogar as competições nacionais como foram programadas. Nós temos a seguinte facilidade, no Estadual são seis datas e não se precisa de um protocolo tão rígido, o que facilita, não na área de saúde mas na de logística", afirmou.
O dirigente apontou para a necessidade de se criar um "novo formato" no futebol, de modo que a modalidade seja capaz de se readequar, principalmente financeiramente, à nova realidade provocada pela covid-19 para que o impacto seja suavizado.
"Se não houver um entendimento de clubes, federações, CBF, atletas e árbitros para se criar um modelo novo, esse futebol que a gente viu até hoje, na minha opinião, não vai existir mais. Nem os números, nem as cifras, nem a forma de como é feito, a organização dos eventos. Nós vamos ter uma mudança muito grande, porque os orçamentos que existem hoje nos clubes não vão existir mais. Serão outros números, outro mundo. Vai ter menos dinheiro", concluiu.