Néfi Tales Júnior, ex-secretário de Governo, negou a venda do imóvel da Consmac Indústria, Comércio e Construção Ltda, de propriedade da família do ex-prefeito, afastado do cargo em 1998, por improbidade administrativa. Segundo Néfinho, a notícia veiculada pelo programa Domingo Espetacular da Rede Record e pelo HOJE, na edição desta sexta-feira, pegou de surpresa os familiares, donos de 48% das ações da empresa. OS 52% restantes estariam indispoibilizados.
O empreendimento localizado na confluência das ruas Dr Miguel Vieira e Conde Francisco Matarazo, teria sido adquirido pelo então secretário de Habitação de Jandira, Wanderley Lemos de Aquino, acusado da morte do prefeito daquela cidade, Braz Paschoalin, no final do ano passado. O imóvel teria sido comprado por R$ 4 milhões como fruto de lavagem de dinheiro de verbas desviadas da prefeitura de Jandira.
Na opinião de Néfi, isso tudo não passa de um golpe já que os bens do pai dele foram confiscados na época e a Prefeitura se tornou fiel depositária. "Isso não procede e não tem como o imóvel ser vendido. Se alguém for até o 1º Cartório de Registro de Imóveis, vai constar a indisponibilidade do bem", explicou.
Néfinho culpa a Prefeitura, como responsável pelo imóvel, ser alvo de golpes assim. "O prédio está abandonado. A responsabilidade pela conservação, inclusive pelos bens que existiam lá dentro, não é nem mesmo do Poder Público e sim do próprio prefeito à época", comentou.
Segundo Néfi, o imóvel, que na ocasião da construção foi orçado em R$ 2,7 milhões, está definhando aos poucos. "Em outubro de 1998 o promotor público Nadim Mazloun pediu abertura de processo contra o meu pai, Nefi Tales por improbidade administrativa. Em setembro de 1999 pediram o sequestro dos bens. Como meu pai era sócio majoritário, com 52% das ações da empresa, o prédio acabou sendo sequestrado e a Prefeitura, ficou sendo o fiel depositário", comentou.
MP investiga ligação com esquema de Jandira
O Ministério Público de São Paulo (MP-SP) investiga a compra de diversos imóveis na Região Metropolitana por integrantes da Prefeitura de Jandira por intermédio de licitações fraudulentas.
De acordo com o promotor de Justiça Neudival Mascarenhas, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), há evidências de vários esquemas de corrupção no caso.
A Polícia Civil possui cinco inquéritos somente para apurar casos de corrupção naquela cidade, segundo Mascarenhas. Em 10 de dezembro o prefeito de Jandira, Braz Paschoalin (PSDB), foi assassinato com vários tiros. Os principais suspeitos de terem mandado o crime foram os ex-secretários municipais de Habitação, Wanderley Aquino, e de Governo, Sérgio Paraizo, que comandavam esquemas de desvio de dinheiro público.
Mascarenhas afirma que não há indícios de ligações de pessoas de Guarulhos com as negociações fraudulentas. Somente um dos inquéritos, que diz respeito a merenda escolar, pode ter relação com pessoas de fora de Jandira. "A investigação de corrupção está no início. Vamos atrás de todos os imóveis comprados de forma irregular", afirma.
O prédio localizado na Vila Zaíra, teria sido adquirido de forma ilegal pela WI Interprice Comércio de Imóveis por R$ 4 milhões entre 2008 e 2010. O 1º Cartório confirmou ontem que o prédio pertence a Consmac Como a Justiça determinou a indisponibilidade do prédio em 22 de dezembro de 1998, o imóvel não poderia ter sido vendido.
Wellington Alves