A área de Mata Atlântica remanescente em Guarulhos se manteve estável entre 2008 e 2010, segundo o Atlas dos Remanescentes Florestais da Mata Atlântica, divulgado nesta quinta-feira pela Fundação SOS Mata Atlântica e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE). O estudo mostra que a cidade não tem sido prejudicada por desmatamentos.
Segundo o levantamento, todo o território guarulhense pertencia originalmente à Mata Atlântica, contudo, somente 25% das áreas permanecem preservadas. A vegetação que sobra é de 8.144 hectares, equivalente a 81,4 mil quilômetros quadrados, o que inclui apenas mata, já que a cidade não possui mangue e restinga. O Atlas não registrou redução dos índices desde 2008.
Apesar do bom resultado guarulhense, o desmatamento ainda cresceu em 47 cidades do Estado de São Paulo. A campeã estadual na redução da Mata Atlântica é Bertioga com 76 hectares, equivalente a 76 campos de futebol em três anos, seguido de Jacupiranga (75 ha), Iguape (54 ha) e São Paulo (27 ha).
De acordo com o Atlas, os paulistas perderam 514 hectares de floresta entre 2008 e 2010, área de 514 campos de futebol. O deflorestamento de restinga foi de 65 hectares. Não houve redução na vegetação de mangue. O bioma original da Mata Atlântica atingia 68% do Estado, índice que caiu para 15,78% desde a colonização até o final de 2010.
O INPE e a SOS Mata Atlântica avaliaram 128.898.971 hectares da vegetação, o que representa 98% da área estabelecida no Brasil. Dos 16 estados que abrangem a Mata Atlântica, São Paulo é o quarto que mais possui remanescentes florestais proporcionalmente ao território. O estado perde somente para Santa Catarina (23,04%), Rio de Janeiro (19,61%) e Ceará (16,5%).
Na apresentação do levantamento, as organizações destacam que o conhecimento dos índices podem ser úteis para subsidiar estratégias e políticas públicas que protejam a Mata Atlântica, um dos ecossistemas mais ricos e ameaçados de extinção do planeta.
Kise comemora revelação do atlas divulgado nesta quinta
O secretário municipal de Meio Ambiente, Alexandre Kise, comemorou o resultado do atlas da SOS Mata Atlântica e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), demonstrando que Guarulhos não apresentou crescimento na área desmatada da Mata Atlântica entre 2008 e 2010.
Segundo Kise, desde 2005 a Prefeitura tem protegido a vegetação restante na cidade com fiscalização aérea, imagens de satélites e a atuação da Guarda Civil Ambiental. "Houve um investimento grande para conter o desmatamento. Tivemos ocupações irregulares no passado, como no Tanque Grande, que houve o combate", diz.
De acordo com o secretário, sem os desmatamentos, as áreas que tinham sido ocupadas voltaram ao normal. "Existe a regeneração natural. Percebemos inclusive que espécies que achávamos que estavam extintas na cidade, na verdade ainda permanecem. Temos casos como a jaguatirica e o gato do mato", conta.
Kise afirma que os grileiros que faziam loteamentos clandestinos em Guarulhos se transferiram para os municípios vizinhos, como Mairiporã e Nazaré Paulista. "Eles começaram a atacar municípios com menor potencial de fiscalização. Em Guarulhos conseguimos reprimir", diz. O secretário lamenta que a legislação é branda, o que ajuda os grileiros. "Nós encaminhamos para a polícia, mas eles pagam cestas básicas e são soltos novamente", adverte.