Na última sexta-feira, o HOJE publicou reportagem retratando a situação aproximadamente cem famílias do Jardim Bambi que estão prestes a perder suas casas devido a um imbróglio que vem se arrastando por mais de uma década junto a imobiliária Continental. A empresa comercializou os lotes de toda área onde foram construías as residências e que agora pede a reintegração de posse devido a inadimplência dos moradores.
Na tarde desta quarta-feira, o HOJE foi recebido por Walter Luongo (dono da Continental) e o advogado Evandro Garcia, no escritório da empresa, para explicarem a situação e informarem que ainda é possível um acordo para evitar a retirada das famílias daquela área. "Alguns processos já estão em fase de execução mas, mesmo assim, ainda é possível um acordo de pagamento entre moradores e imobiliária. Estamos abertos a isso e sempre estivemos", disse Garcia. "A empresa tem seus custos, eu pago funcionários e tenho despesas. O acordo pode ser feito desde que atenda as necessidades da empresa", acrescentou Luongo.
Segundo os moradores do local, há cerca de 11 anos e meio, os terrenos foram adquiridos em um regime de financiamento que acompanhava a inflação anual. No entanto, de uma forma inesperada, a imobiliária teria mudado o sistema de juros e o valor das parcelas que girava em torno de R$ 300 mensais, subiram mais que o dobro. "Não existe isso. As correções foram dentro da lei. Tudo consta nos processos e ratificadas pelo Tribunal de Justiça de São Paulo", rebateu Evandro Garcia. "Eles (moradores) poderiam ter depositado o valor que podiam pagar em juízo e não simplesmente deixarem de pagar", acrescentou o advogado.
O dono da Continental rebateu também as afirmações dos moradores sobre o fato da imobiliária nunca os ter recebido para uma negociação da dívida. "Tanto recebemos como já fizemos alguns acordos que também não foram pagos. As portas da imobiliária estão abertas. Temos, inclusive, um comitê na empresa que avalia todos os casos. Nosso maior interesse é que façam acordo. Não queremos chegar ao ponto de retirar ninguém de suas casas. Mas também existem os interesses da empresa", concluiu Luongo.