Na manhã desta sexta-feira o Sindicato dos Metalúrgicos junto com uma comissão de moradores realizaram uma assembleia no Jardim Santo Afonso com a presença do diretor de infraestrutura da Secretaria de Obras, Marco Antônio Toledo; do engenheiro da Progresso e Desenvolvimento de Guarulhos (Proguaru), Teógenes Lima de Azevedo; e o presidente do Sindicato, José Pereira dos Santos. O objetivo foi cobrar uma posição das autoridades competentes e tentar amenizar o sofrimento das famílias que residem no local.
"É nos bairros que vivem muitos metalúrgicos e nós queremos garantir a qualidade de vida de todos. Entretanto, não é só o poder público quem deve resolver o problema, mas a sociedade precisa se organizar e principalmente ser consciente no momento do voto", afirmou Pereira.
Já Marco Antônio Toledo explicou que uma série de ações precisa acontecer no local para colocar ponto final nos problemas. "Os córregos devem ser limpos, as tubulações desobstruídas, contudo a saída de água aqui está em desnível com o rio, então quando chove a água não escoa para o lugar certo provocando inundações", afirmou Toledo que reforçou que a água precisa acompanhar o rio e não é o que acontece.
A Proguaru assumiu o compromisso de realizar a limpeza da margem do rio, tanto do lixo quanto do mato que já é bastante alto. O engenheiro Azevedo, também, se comprometeu a entrar em contato com o secretário do Meio Ambiente para cobrar uma posição sobre a tinta que é depositada no córrego e que caracteriza crime ambiental.
"Contudo todas essas ações também dependem de um desassoreamento da vala que vai para o rio Tietê e isso é responsabilidade do Departamento de águas e Energia Elétrica (DAEE), do governo do Estado", ressaltou o engenheiro.
Em nota, a Secretaria de Meio Ambiente informou que enviou uma equipe de fiscalização até o local e tomará todas as providências necessárias sobre a tinta despejada no córrego.
Moradores sofrem com os problemas há décadas
Cerca de 500 famílias do Jd. Santo Afonso têm sofrido em decorrência das fortes chuvas que atingiram o município nos últimos dias. São móveis, eletrodomésticos, alimentos e roupas que se perdem a cada novo temporal e o medo para quem convive com esta situação.
"Quando eu vejo a chuva já tenho vontade de chorar. A gente coloca os móveis e eletrodomésticos mais necessários na parte mais alta da casa, junto com o que dá tempo de salvar e o resto vemos a água destruir tudo", afirmou a dona-de-casa, Maria Aparecida Silva Santos, que mora há 40 anos no local.
A solução encontrada por muitos moradores é a construção de comportas, muros de arrimo e a colocação de sacos de areia na entrada das casas. Já os novos moradores preferem construir as casas em lugares mais altos para tentar livrar-se das enchentes. Mas todos os projetos não são suficientes, uma vez em que o problema está no córrego que corta o bairro e não suporta o volume de água da chuva, misturado ao esgoto e lixo, proveniente das residências e das indústrias têxteis da região. "Ninguém aguenta mais a água que passa neste córrego. O cheiro forte de tinta já deixou várias crianças doentes e ninguém faz nada", afirmou Alessandra da Silva, moradora há 17 anos.
A situação se torna mais insustentável para as famílias que residem à beira do córrego. "Não há o que fazer. Eu não tenho outro lugar para ir, por isso continuo aqui", afirmou Solange Sena, que mora há 20 anos.