Cidades

Velho, não! Clássico, sim!

Muitas pessoas no País estão dedicando seu tempo para encontrar verdadeiras raridades em quatro rodas para comprar ou reformar

Que o brasileiro é apaixonado por carros todo mundo sabe. Mas e por carros antigos ou os clássicos, como os colecionadores gostam de chamar? Cada vez mais, pessoas estão investindo dinheiro naquele modelo de carro antigo em miniatura que antes ficava exposta em uma estante. Da estante para a garagem. Da miniatura para o "brinquedinho" de verdade.

Colecionar carros antigos é fascinante. Muitas pessoas no País estão dedicando seu tempo para encontrar verdadeiras raridades em quatro rodas para comprar ou reformar. Em Guarulhos, a reportagem visitou uma loja especializada nos antigos – ou clássicos – que pode ser definida como verdadeira ‘Disneylândia para os marmanjos aficionados nesse segmento e conversou com um dos maiores entendedores do assunto no Brasil, Paulo Panaviello, de 77 anos, proprietário da Paulo Automóveis. "Comecei no ramo por acaso. Um amigo me levou para dar uma passeio pela avenida Paulista no Ford 1929 dele. Gostei da experiência e comecei a colecionar carros. Quando vi, já tinha mais de 30 automóveis", conta.

Na visita de aproximadamente uma hora na loja de Panaviello (que poderia ter sido de três…quatro horas, tamanha a receptividade e histórias incríveis dos veículos) foi possível entender que colecionar carros vai além da paixão. "Muitos começam suas coleções com carros que, de certa forma, marcaram suas vidas. Pode ser uma lembrança da época de infância, um carro que aparece em um filme que o marcou", explica Paulo.

O perfil do colecionador, segundo Panaviello, é aquela pessoa com boa condição financeira, pois a ‘brincadeira não é das mais baratas. "Não é um hobby barato, definitivamente. Não é todo mundo que tem R$ 70 mil para pagar em um carro antigo que muitas vezes nem é posto pra rodar. Fica ali, parado, em um espaço na garagem ou em um galpão".

Austin Healey 1966, o conversível voador

É baixinho e, por fora, é um pouco difícil de acreditar que caiba uma pessoa em seu interior. No entanto , ao entrar no modelo, de uma hora para outra o pequeno modelo te faz sentir um gigante. "Esse é um dos exemplares raríssimos que existem no país. É um carro com mais de mil cilindradas que, para época, era super esportivo", comenta.

Funilaria é a grande dor de cabeça

Se você acha que o que dá mais trabalho para os colecionadores é aquela pecinha, pequena, difícil de achar, está enganado. "O problema é a funilaria. Os carros antigos têm muitos vincos, muitos detalhes que dão muito trabalho e encarecem a restauração", explica. "Peça não é o problema. No Brasil, existem vários fabricantes que importam o molde do exterior e fazem réplicas das originais", acrescenta

A originalidade é algo imprescindível para se conseguir agregar valor ao veículo. Nesse hobby não há espaço para improvisos. "O carro tem de manter, ao máximo, suas características originais. Se a pessoa põe um friso diferente ou uma roda de outro modelo, já tira o valor. A peças não precisam ser da época para deixar um veículo original, mas precisam ser idênticas as usadas quando da fabricação", informa.

Como conseguir placa preta?

Além do fascínio de ter um carro original, o colecionador de carro antigo tem como objetivo conseguir a Placa Preta, que atesta o alto índice de originalidade do veículo. E para conseguir esta tão sonhada placa é preciso seguir algumas regras:

– Ser proprietário de veiculo com mais de 30 anos de fabricação para obter placa preta

– Filiar-se à algum Clube de Veículos Antigos, credenciado pelo Detran

– Submeter o veículo a uma vistoria pela comissão técnica deste Clube.

– Conseguir obter nesta vistoria uma pontuação igual ou superior a 80% de originalidade.

– Assinar Termo de Responsabilidade

Herald Triumph 1963, um dos primeiros pequenos da história

O Triumph Herald foi um dos primeiros carros pequenos que a indústria automotiva lançou no mercado. O ano foi 1959 e veio com design italiano mesmo sendo de fabricação inglesa. Ao todo foram 500 mil fabricados e no Brasil, devem ter pouco mais que dez exemplares. "Esse é um dos mais raros que temos na loja. É um verdadeiro esportivo que fez muito sucesso. Consegui comprar de um amigo que o importou dos Estados Unidos e hoje esta à venda na loja", comenta Panaviello, apontando para o exemplar de R$ 75 mil.

Fordinho 1929, a porta de entrada dos colecionadores

Se tem um carro que é sucesso entre colecionadores esse é o Ford 1929. A boa notícia é que, por ter sido um carro de praça no Brasil (Táxi) existem muitas peças e é um dos modelos mais baratos para quem quer começar no hobby. "Um Fordinho 29 já restaurado sai entre R$ 55mil a R$ 60 mil. O interessante desse modelo também é que foi o primeiro a ter o motor em linha de montagem", conta o comerciante e colecionador Paulo Panaviello.

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