"Eu não matei ninguém. Essas versões que estão falando, não procedem", afirmou Mizael, que foi interrogado por sua defesa, já que a acusação abriu mão de fazer perguntas. O réu se mostrou nervoso, falando rapidamente, muitas vezes dizendo coisas não perguntadas pelos advogados.
"Estou sofrendo tanto com isso. Melhor a morte do que ficar preso. Quem deve, tem que pagar pelo que fez. Quem não deve, tem que rebelar. Eu me rebelei", explicou. "O direito de tirar a vida é de quem nos deu."
Mizael, que foi reformado pela Polícia Militar após ter sofrido um choque de 3.000 volts em 1999, afirmou que nunca teve coragem de matar ninguém, nem mesmo quando era policial. "Fazia trabalhos internos. Não trabalhava na rua porque tinha medo. Um dia, em Franco da Rocha, durante uma troca de tiro, me escondi embaixo da viatura. Não tenho vergonha de dizer", contou.
Mizael afirmou que não anda armado e guarda dois revólveres encaixotados em sua residência "por recordação." O réu acusou o pai de Mércia, Makoto Nakashima, de ser ausente e contou que Mércia dizia que ele "não ligava para sua vida."
Mizael começou a depor às 17h18. A acusação afirmou que não faria perguntas ao réu em razão de ele já ter apresentado diferentes versões sobre o caso e que as provas são claras. Ele falou então à defesa e respondeu perguntas dos jurados. A mãe de Mércia, Janete Nakashima, chegou a balançar a cabeça negativamente em diversas oportunidades.
O réu chegou a mostrar o pé, onde afirma ter tomado um choque em 1999 que lhe custou o trabalho na PM. Ele é policial reformado por invalidez. Mostrou também a mão direita, onde não tem um dos dedos, afirmando que não consegue atirar com essa mão. Mizael é destro.
Mizael afirmou que foi vítima de uma armação da polícia, que "queria um culpado". Foi o argumento usado para justificar a alga compatível com a da represa de Nazaré Paulista achada em seu sapato. "Levaram meu sapato lá [para a represa]. Eu nunca estive na represa de Nazaré. Juro pela vida da minha filha." Mizael afirmou que foi torturado, assim como seus irmãos, e que policiais chegaram a apontar-lhe uma arma em um posto de gasolina obrigando que ele confessasse que tinha matado Mércia.
O réu disse que tinha um relacionamento normal com Mércia, e que tinha apenas brigas de casal comuns. Disse que foi Mércia que terminou o relacionamento. Confirmou que passou a noite do dia 23 de maio com uma garota que conheceu na rua, e que disse não classificar como prostituta.
Um jurado perguntou por que a família quer culpar Mizael. O réu recordou então que não foi ao casamento da irmã de Mércia, no qual seria padrinho, e que isso causou mágoa na família.