Estímulo nos EUA deve apoiar busca dos 120 mil pontos na Bolsa

A ampliação no valor do estímulo nos EUA pode permitir nova aceleração do Ibovespa no penúltimo pregão de 2020, quem sabe com o índice testando os 120 mil pontos, depois de avançar 1,12%, aos 119.123,70 pontos na véspera. "O exterior deve ajudar e provocar um pequeno rali, com o índice podendo atingir nova pontuação recorde", estima o economista-chefe do ModalMais Banco Digital, Álvaro Bandeira.

As bolsas europeias sobem, com destaque para Londres, que tem valorização superior a 2% após volta do feriado na véspera, quando os mercados já reagiam positivamente ao acordo comercial pós-Brexit no último dia 24. Os futuros em Nova York têm ganhos na faixa de 0,50%, enquanto na Ásia, o sinal foi misto, mas Tóquio teve a maior pontuação desde agosto de 1990, também reagindo à notícia de que ontem a Câmara dos Representantes dos EUA aprovou o aumento dos pagamentos federais individuais de cheques para US$ 2 mil, ante proposta anterior de US$ 600. Agora, o processo segue para o Senado.

"Há grande chance de votarem isso ainda hoje", diz Bandeira, acrescentando que o ambiente é favorável a emergentes. "Isso alivia e o mundo poderia estar ainda mais calmo não fosse a nova cepa da covid-19 abalando o globo", afirma o economista do ModalMais.

Antes mesmo do recorde da Bolsa japonesa, Nova York fechou nas máximas. Para Mauro Morelli, estrategista da assessoria financeira Davos, o movimento reforça o "tsunami" de liquidez mundial, que torna os preços dos ativos elevados, tornando um cenário atraente para emergentes como o Brasil e para as commodities.

"O cenário continua positivo, e a liquidez não deve terminar tão cedo. Se isso se mantiver, o Ibovespa pode ir aos 130 mil, 135 mil pontos em 2021. Porém, o teto começa a ficar cada vez mais apertado", afirma Morelli, lembrando dos problemas internos, que podem limitar ganhos mais expressivos. "O Brasil caminha para onde o trem está indo, mas poderia estar a uma velocidade mais acentuada caso estivesse fazendo o dever de casa, sobretudo na parte fiscal", diz o estrategista da Davos.

Além disso, os entrevistados ainda ressaltam preocupações a respeito das condições sanitárias no País, onde o Brasil não começou a vacinar sua população contra a covid-19 e o governo continua a fazer declarações que desfavorecem o combate à pandemia. A preocupação sanitária segue no radar, o que pode contribuir para um movimento mais moderado dos ativos.

O presidente Jair Bolsonaro elogiou ontem as pessoas que desrespeitam os decretos de isolamento, disse que o Brasil chegou ao limite do endividamento com o gasto multibilionário do auxílio emergencial e elogiou a atuação que vem tendo na pandemia. Já a Pfizer decidiu não submeter a vacina contra a covid-19 ao uso emergencial no Brasil.

Às 10h22, o Ibovespa subia 0,43%, aos 119.638,81 pontos.

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