No último sábado, 200 alunos do curso de Pedagogia da Anhanguera de Guarulhos se reuniram na Praça Oito de Dezembro, em Guarulhos para ajudar pessoas a se comunicar com amigos e familiares. Esta foi a 2ª edição do Projeto Sentimentos Escritos, criado pela professora Ana Paula Ferreira Guedes de Siqueira e coordenado pelo professor Antônio Rodolfo de Siqueira.
A ação social possibilita, por meio da escrita de cartas, que universitários ajudem pessoas que não possuem alfabetização básica ou até mesmo por falta de coragem em expor seus sentimentos. Em seis horas de atividade, foram escritas 402 cartas. Já a primeira edição do projeto, realizada em junho do ano passado, ajudou mais de 178 pessoas.
"O projeto permite mobilizar esforços para uma ação social, buscando despertar nos alunos, professores, e comunidade em geral o compromisso com a garantia de condições de vida dignas para todos. Aprender a ler e escrever são hábitos essenciais na vida e também um exercício de cidadania", afirma o professor Antônio Rodolfo de Siqueira.
Danilo Souza, 22 anos, aproveitou a oportunidade para demonstrar todo seu carinho por uma amiga de infância que mora do lado da sua casa e que estão sempre juntos em todos os momentos. "Achei muito interessante, pois hoje em dia não fazemos mais isso e, ao escrever uma carta podemos refletir mais sobre o que gostaríamos de dizer para aquela pessoa, além dela poder guardar para sempre", afirma Danilo. Já Johnny Sousa da Silva, 22 anos, escreveu para a sua mãe que mora no Maranhão, no Nordeste do País, e que não vê há dois anos. "Não falo com ela há um mês e não costumo escrever cartas. Foi uma boa oportunidade e acho que ela vai gostar muito", conta o jovem.
Outras pessoas não hesitaram e escreveram cartas para a família toda. Como é o caso da Leni de Carvalho Saraiva, 41 anos, que estudou até a 4ª série. Leni escreveu para o seu pai, sua mãe e sua irmã que moram em Jacaraci, na Bahia, e para sua outra irmã que mora no mesmo quintal da sua casa, em Guarulhos. "Não falo com meus pais há apenas uma semana, mas não mando cartas há muitos anos. Foi surpreendente e me emocionei ao escrever sobre meus sentimentos por eles".
As mães foram as mais homenageadas durante a ação. Mauro Peron Duran, 40 anos, aproveitou a data para demonstrar todo o seu amor pela mãe. "Estudei até a 8ª série do Ensino Fundamental e escrevia cartas quando estava na escola. Mas com o passar do tempo nunca mais escrevi. Acho que a minha mãe vai gostar e ficar feliz", conta Mauro.
O projeto trouxe boas lembranças ao soldado da Policial Militar, Charles Caparroz Camargo, 42 anos. Quando era jovem recebeu uma carta de sua namorada, que hoje é sua esposa há 20 anos, com quem tem duas filhas. "Deixei-me levar pela emoção, pois a carta que guardo até hoje faz parte da minha vida. Depois de 20 anos, pude escrever para a minha esposa e retribuir a declaração de amor", conta emocionado.
Para a aluna do 3º semestre do curso de Pedagogia da Anhanguera de Guarulhos, Maria Aparecida Alves Domingues, 54 anos, é surpreendente participar do projeto. "No início as pessoas têm certa resistência, mas depois acabam se soltando e colocam a sua emoção no papel. Gostei muito de participar, pois podemos ver de perto o brilho no olhar das pessoas ao se comunicar com pessoas que elas mais amam", conta a aluna.
