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TRANSPORTES – Redução de tarifa não cobre valor tirado dos passageiros em cinco meses

Desde que a tarifa passou a R$ 3,30, os passageiros já desembolsaram - levando em consideração 22 dias úteis por mês e duas passagens por dia - R$ 66,00 a mais que um paulistano, que não teve reajuste no mesmo período.

Semana passada, somente depois que cinco prefeitos da região do ABC anunciaram que iriam baixar as tarifas do transporte público, Sebastião Almeida (PT) anunciou, via sua assessoria de imprensa, que iria promover a redução das passagens praticadas na cidade de R$ 3,30 para R$ 3,20, como se fosse uma ação para "incentivar o transporte público em Guarulhos".

Porém, em momento algum, a Comunicação do prefeito lembrou que a cidade já cobra a tarifa bem mais alta que na capital e tem uma das mais caras do Brasil há mais de cinco meses, já que o mesmo Almeida concedeu reajuste de 10% (acima da inflação do período) às vésperas do Natal do ano passado, quando já tinha garantido a vitória nas eleições de outubro.

Como um mais um é sempre igual a dois, os dez centavos que Almeida diz estar dando agora já foram tirados da população há muito tempo. Aliás, nestes cinco meses e 20 dias em que o guarulhense paga R$ 3,30 pelo Bilhete Único, os passageiros já desembolsaram – levando em consideração 22 dias úteis por mês e duas passagens por dia – R$ 66,00 a mais que um paulistano, que não teve reajuste no mesmo período. Com esse dinheiro, o cidadão poderia ter adquirido em qualquer supermercado da cidade pelo menos 33 caixas de um litro de leite longa vida.

Ignorando esses valores e sem – em momento algum – explicar porque a Prefeitura de Guarulhos se rendeu já em dezembro aos argumentos das empresas de ônibus e aumentou as passagens acima da inflação, Almeida, querendo se passar de bom moço, aproveita uma Medida Provisória do Governo Federal que garante a redução de PIS e Cofins para as empresas de transporte público, seguindo outras cidades que aumentaram as tarifas muito antes da hora, anuncia a redução como mais um grande feito de sua administração.

A verdade é bem diferente. Tanto que um acordo entre o Governo do Estado, administrado por Geraldo Alckmin, que é do PSDB, e a Prefeitura da Capital, desde janeiro nas mãos de Fernando Haddad, do mesmo PT de Almeida, permitiu que os paulistanos continuassem com a tarifa de R$ 3,00 até o início deste mês, tanto para os ônibus urbanos como para o Metrô e trens da CPTM. Ou seja, durante mais de cinco meses o guarulhense pagou R$ 0,30 a mais para usar o transporte público do que os paulistanos. Somente a partir do último dia 2, a tarifa em São Paulo passou para R$ 3,20, ainda inferior à praticada na cidade.

Tudo bem que é melhor pagar R$ 3,20 do que R$ 3,30 em Guarulhos, com a redução que só passa a vigorar na próxima segunda-feira, dia 17. Mas esses R$ 0,10 a menos representará muito pouco para o guarulhense, que se utiliza de pelo menos duas passagens por dia para ir e voltar ao trabalho. Ao final de um mês, contando somente os 22 úteis, o passageiro terá gasto a partir de agora apenas R$ 4,40, dinheiro que mal dá para comprar uma banana por dia.

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