Em Guarulhos, a manifestação que teve início por volta das 5h na região do Itapegica chegou ao meio-dia com atos isolados sem causar qualquer transtorno aos trabalhadores e pessoas comuns, que não aderiram ao movimento, por ter o carimbo das centrais sindicais. Aliás, são as mesmas entidades que, salvem-se poucas exceções, ao longo dos últimos anos, se esconderam em meio às burocracias sindicais. Nem mesmo quando, no mês passado, a população foi para as ruas protestar contra tudo e contra todos, eles se levantaram.
Desta vez, com uma pauta trabalhista, que mofa nos corredores do Congresso Nacional por pelo menos duas décadas, as centrais buscam não perder um bonde que já passou há algum tempo sem que eles percebessem. Tanto é assim, que – na concentração da madrugada até 8h – eles não conseguiram reunir mais do que 500 pessoas na porta de uma fábrica que tem bem mais que isso de funcionários. Nos rostos, nas mãos e nas camisetas, marcas de um movimento profissional, que não reflete – nem de longe – os anseios da população.
Causas particulares de Guarulhos, levantadas pela população desde janeiro, como o abusivo reajuste do IPTU pelo prefeito Sebastião Almeida, foram esquecidas pelos principais sindicatos da cidade. O movimento, que levou milhares de trabalhadores às ruas no início do ano, teve o apoio somente do Sindicato da Alimentação. Os maiores, como Metalúrgicos, Químicos, Condutores e Servidores Municipais, entre vários outros, preferiram a omissão.
Nos bastidores desse Dia de Luta, um acordo velado revelado pela imprensa entre Força Sindical e CUT, as duas maiores centrais, deixou claro que não deveria haver ataques à presidente Dilma Rousseff (PT). Aliás, esse procedimento só confirma o caráter governista adotado pelos sindicatos nesses dez anos de Lula e Dilma na Presidência. Desta forma, o Dia Nacional de Luta – até este início de tarde – não passa de um grande movimento de sindicalistas e de integrantes de partidos radicais que ainda sonham com a esquerda no poder. Nada mais do que isso.
Tirando a caminhada de menos de três mil pessoas (e olhe lá) pela pista marginal da rodovia Presidente Dutra, que prejudicou o trânsito nos dois sentidos por algum tempo, atrapalhando um pouco quem pretendia deixar Guarulhos no período da manhã, nada que se destaque. Nem palavras de ordem, nem protestos e quase nada de indignação. Apenas frases de efeito.
Para o cidadão comum, o transporte parecia melhor já que que os ônibus não pararam (frise-se que o sindicato da categoria na cidade, atrelado à CUT, é presidido por um vereador do PT – Maurício Brinquinho – que não tem interesse algum em colocar a categoria contra o prefeito Sebastião Almeida). Muitos trabalhadores se prepararam para uma grande paralisação e reviram seus horários. Alguns até foram dispensados por seus patrões para evitar atritos. Resultado: ruas mais vazias e trânsito fluindo bem.