O faturamento real das micro e pequenas empresas (MPEs) do estado de São Paulo apresentou aumento de 3,6% no primeiro semestre de 2013 em relação ao mesmo período de 2012 (já descontada a inflação). O resultado foi positivo, mas mostra desaceleração no ritmo de crescimento da receita. Nos primeiros seis meses de 2012, o avanço havia sido de 7,6% na comparação com igual intervalo de 2011. Os dados são da pesquisa Indicadores Sebrae-SP.
De janeiro a junho deste ano, as MPEs faturaram R$ 268,6 bilhões, R$ 9,3 bilhões a mais do que no primeiro semestre de 2012. Só em junho, a receita foi de R$ 43,5 bilhões, R$ 912 milhões acima da de junho de 2012, o que configura alta de 2,1%. Em relação a maio, houve queda de R$ 4 bilhões (-8,4%).
“A desaceleração no primeiro semestre pode ser explicada pelo ritmo mais modesto de crescimento da atividade econômica em 2013 e pelas incertezas do setor, como a desvalorização cambial e o aumento da inflação, que afetam a situação dos pequenos negócios”, afirma o diretor-superintendente do Sebrae-SP, Bruno Caetano.
Por setores, o comércio apresentou o melhor resultado no semestre, com crescimento de 4,9% ante igual período de 2012. O setor de serviços elevou seu faturamento em 2,8% e a indústria, em 1,4%. “O resultado mais modesto da indústria é consequência dos problemas de competitividade da economia brasileira”, completa Caetano.
Na análise por regiões, o ABC registrou aumento de 11,5% no faturamento do semestre. A cidade de São Paulo teve alta de 6,5% no indicador. A região metropolitana de São Paulo e o interior apresentaram elevação de 5,3% e 1,8%, respectivamente.
“Se considerarmos apenas junho, o índice de faturamento representa o melhor resultado para o mês desde 2001, o que se deve, em grande parte, ao bom nível de consumo no mercado interno, o que mantém o desempenho dos pequenos negócios em nível relativamente elevado”, explica o consultor do Sebrae-SP, Pedro Gonçalves.
Emprego e renda
No primeiro semestre de 2013, houve aumento de 0,8% no total de pessoal ocupado nas MPEs do estado de São Paulo ante igual período de 2012. Esse indicador reúne sócios-proprietários, familiares, empregados e terceirizados. No mesmo período, o rendimento real dos empregados, que inclui salários e outras remunerações, cresceu 8,2%, e o valor da folha de salários subiu 6,5%.
Expectativas
A maioria (55%) dos donos de micro e pequenas empresas espera estabilidade no faturamento da sua empresa nos próximos seis meses. Em julho de 2013, os que acreditavam em melhora no faturamento eram 26%, uma queda ante julho de 2012, quando 32% previam crescimento na receita.
Quanto ao nível de atividade da economia, 49% dos empresários falam em manutenção. Em julho de 2012, esse grupo representava 53% do total. Mas a maior variação ocorreu na opinião dos que esperam piora: eram 10% em julho de 2012 e agora são 21%.
Na opinião de Caetano, essa mudança nas expectativas dos empreendedores acompanha a perspectiva dos economistas. “Houve aumento do pessimismo dos analistas de mercado em relação à economia do País; a expectativa de crescimento do PIB, detectada pelo levantamento do Banco Central, caiu de 3,3% em janeiro para 2,24% atualmente”, diz Caetano.
De acordo com o diretor-superintendente do Sebrae-SP, junho de 2013 ficou marcado pelo aumento das incertezas na economia brasileira devido à desvalorização cambial e das manifestações populares. Caetano lembra que a desvalorização faz com que produtos cotados em dólar fiquem mais caros em real, podendo impactar na inflação.
O consultor do Sebrae-SP, Pedro Gonçalves completa ressaltando a importância de que a inflação se mantenha sob controle. “O controle da inflação contribui para a manutenção do poder de compra da população, favorecendo o consumo interno, que é o principal mercado das MPEs”.
A pesquisa
A pesquisa Indicadores Sebrae-SP é realizada mensalmente com a colaboração da Fundação Seade. São entrevistadas 2.716 MPEs do Estado de São Paulo, distribuídas em indústria de transformações (10%), comércio (53%) e serviços (37%). No estudo, as MPEs são definidas como empresas de comércio e serviços com até 49 empregados e empresas da indústria de transformação com até 99 empregados, com faturamento anual bruto de até R$ 3,6 milhões