Já se foi o tempo que o servidor público aguardava com ansiedade o 29 de outubro, o Dia do Servidor Público, uma data que o meio político se juntava para brindar os trabalhadores que carregavam as administrações municipais nas costas.
Nem em seus dias mais complicados, quando havia atrasos constantes nos pagamentos, como ocorreu nos anos 90, quando Guarulhos ficou quase ingovernável devido à crise política, o Dia do Servidor Público foi tão ruim como o desde 2013.
Mas por que esse exército, formado por aproximadamente 30 mil homens e mulheres, encontra-se tão desprezado? Motivos não faltam. Variam desde um dissídio coletivo que não levou em consideração nem as perdas com a inflação no período, ausência de uma política de cargos e salários nas mais diferentes áreas e os privilégios que gozam os mais de dois mil funcionários comissionados (aqueles que entraram pelas portas dos fundos na Prefeitura) em detrimento de quem sua a camisa pelo município.
Não é de se estranhar que, neste ano, diversas rebeliões venham ocorrendo entre funcionários de diferentes pastas. A principal delas reúne os funcionários estatutários, que representam 15% da categoria e exigem de Almeida que ele cumpra a lei e promova concursos internos para a promoção vertical dos servidores.
Já há inclusive ação correndo no Ministério Público para fazer valer o que consta da Lei Orgânica do Município. Na ação, consta que – nestes 13 anos de PT à frente da Prefeitura – ocorreu apenas um concurso de acesso, realizado em 2007. Ou seja, há seis anos, os estatuários não têm a oportunidade de ascender na carreira. Há pelo menos seis meses, o grupo organizado promove uma série de manifestações pela cidade condenando a omissão de Almeida.
A categoria exige a realização de três concursos na proporção de um candidato por vaga, a fim de que todos os servidores aprovados obtenham a promoção. A Prefeitura contraataca com dois concursos de dois candidatos por vaga, o que desagrada os servidores já que eles estariam disputando espaços com os próprios colegas de trabalho. Eles reclamam que os funcionários de carreira, que entraram na administração pela porta da frente, são até humilhados por comissionados que são alçados a condição de chefes apenas por apadrinhamento político.
Neste mês, no dia que ganharam de folga para comemorar o Dia dos Professores, servidores da Educação municipal, desde agentes escolares até professores, foram às ruas para protestar contra o prefeito Sebastião Almeida (PT) e o secretário municipal de Educação, Moacir de Souza, a quem acusam de administrar uma prefeitura paralela, já que faz suas próprias leis no belo prédio que ocupa no bairro do Macedo.
Nesta semana, agentes de trânsito, lotados na Secretaria Municipal de Transportes e Trânsito, decidiram dar um basta. Junto ao Stap (Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública), convocaram uma assembleia e decidiram entrar em greve, a partir do dia 30 por tempo indeterminado, para exigir uma política de cargos e salários. Eles denunciam total desrespeito aos servidores da pasta, com falta de uniformes, equipamentos de proteção individual e até de viaturas, que – segundo dizem – encontram-se sucateadas.
Em recente aparição no programa Radar de Notícias, na rádio Imprensa FM, ao ser questionado sobre as manifestações de servidores, o prefeito Sebastião Almeida, que já foi presidente do Stap, afirmou que sindicalista é assim mesmo. “Eles nunca estão satisfeitos com nada. Sempre querem alguma coisa”.
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