Já era quase 2021, mas parecia um dia qualquer na orla da Barra, em Salvador, tradicionalmente o ponto preferido de soteropolitanos e turistas para romper o ano. A principal queima de fogos aconteceu próximo ao Mercado Modelo, no Comércio, a seis quilômetros dali, sem a presença do público. Como fica numa região central, a pirotecnia, transmitida online, também foi vista em casas da vizinhança. Para não incentivar aglomerações, a prefeitura de Salvador realizou queima de fogos em outros 20 pontos da cidade, sem divulgar os endereços.
Nos primeiros minutos do novo ano, pequenos grupos de familiares e amigos se reuniram em praias pela orla da cidade. Não houve, no entanto, interdição de nenhuma festa irregular ou detenção de pessoas que tenham descumprido ordens policiais. Os locais mais críticos, de acordo com a Guarda Civil Municipal, foram Piatã e Itapuã, onde os agentes precisavam se revezar para dispersar os pontos de aglomeração que se formavam. O foco do trabalho consistiu no fechamento da Barra, que já havia sido anunciado pela Prefeitura, e do Comércio.
Das varandas ou sacadas das próprias casas, alguns montaram o próprio show pirotécnico, que não durou mais de cinco minutos, principalmente em bairros mais populares de Salvador. Na região de Boa Viagem, onde eram esperadas aglomerações, poucas famílias desceram para passear na orla ou confraternizar na areia. Os encontros, acredita-se, aconteceram principalmente em ambientes domésticos.
A cidade recebeu menos da metade dos turistas que desembarcaram aqui na virada de 2019 para 2020. Em média, 440 mil turistas estiveram em Salvador, contra 796 mil turistas nos últimos dias de dezembro de 2019, calculou a Secretaria Municipal de Cultura e Turismo.
<b>Trancoso volta a ter festas ilegais</b>
Mais uma vez, como ocorre desde o dia 26 de dezembro, com o desembarque de turistas, Trancoso, distrito no sul da Bahia, foi cenário de aglomerações. Na noite do réveillon, duas festas clandestinas foram interrompidas. Os eventos ilegais vendiam ingressos e reuniram, cada um deles, em média, 200 pessoas.
A primeira festa interrompida na noite desta quinta-feira, 31, tinha até enfileiramento de carros na rua – por volta de 150, segundo a Polícia Militar -, entre vans e táxis. Na segunda ação, o ano já tinha rompido. Às 5 horas desta sexta, 1º, policiais chegaram até uma casa onde ocorria outro evento. Um advogado que estava na festa foi levado pela PM à delegacia. Ele vai responder pelo crime de desacato à autoridade, depois de confrontar policiais que notificaram a festa que, por força de uma decisão judicial, não poderia acontecer.
As duas festas aconteceram em condomínios de luxo e a polícia reconhece que "várias outras (festas) bem menos expressivas" aconteceram, com ou sem intervenção policial. Em Caraíva, por exemplo, outro vilarejo de Porto Seguro, pousadas à beira-mar, que cobram até R$ 1 mil pela diária, promoveram festinhas privês para os hóspedes. Eram todos turistas, sem máscara e com taças de espumante nas mãos.