Porém, quem ficava com o dinheiro era a quadrilha.
Depois que o depósito era efetuado, o chefe da quadrilha ligava para as vítimas e contava como elas haviam sido enganadas.
GOLPISTA
– Infelizmente aí, a senhora perdeu esse dinheiro aí.
VÍTIMA
– Ah, é um golpe ?
GOLPISTA
– Ah, infelizmente a senhora depositou em conta clonada isso daí. Antigamente eu enfiava revólver, entendeu? Agora eu tô, eu tô trabalhando dessa maneira. É errada, é ilícita, é. Só que eu não ponho revólver mais em ninguém, não obrigo ninguém a tá indo no banco lá. Só vai quem quer. A senhora foi ingênua nessa situação.
Segundo o delegado Paulo Henrique Navarro Barbosa, "eles interceptavam correspondências oriundas de cartórios de protesto, que não chegavam às mãos dos destinatários". "Existe a possibilidade de participação de empresas terceirizadas, vamos ver se existe a participação do correio também", disse o delegado.
O golpe foi aplicado ao longo dos últimos cinco anos. Segundo a policia, até 100 pessoas ou empresas eram enganadas por mês. Nas ligações, era Riderson Fausto Guerreiro, que atendia usando o nome de Roberto, quem se passava por oficial do falso cartório. Também era ele quem negociava o pagamento de uma dívida, para limpar o nome do devedor.
No local onde os golpistas supostamente ligavam para as vítimas, foi encontrada uma caixa cheia de cartas ao lado de um computador, aberto na página de um cartório verdadeiro.
A polícia também fez buscas em outros nove endereços de Guarulhos, onde prendeu mais suspeitos de integrar a quadrilha. Outras três pessoas envolvidas no crime ainda eram procuradas pela polícia.