Cidades

Saae ingora omissão de anos e atribui racionamento exclusivamente à Sabesp

O Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae) mais uma vez se esquiva da responsabilidade pela falta de água em Guarulhos e joga toda a culpa à Sabesp, responsável pela maior parte do fornecimento à cidade

Nesta segunda-feira, o Saae distribuiu material à imprensa informando que seis bairros de Guarulhos vivem racionamento devido à redução do volume de água disponibilizado para uma parte da cidade por meio de rede que transfere água do Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê, operado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp).

Por esta entrada, a companhia estadual está entregando 200 litros de água por segundo, quando deveria entregar 300 litros de água por segundo. As oscilações começaram há três semanas, acentuaram-se há duas e agravaram-se na semana passada. O corte atinge 210 mil pessoas dos bairros Bonsucesso, Ponte Alta, Carmela, Bambi, Presidente Dutra e Inocoop.

Entretanto, o Saae – nos últimos anos – não promoveu qualquer ação para buscar soluções visando o abastecimento na cidade e manteve a dependência da Sabesp, que abastece não só Guarulhos mas diversas cidades da região metropolitana. Em 2001, quando o atual prefeito Sebastião Almeida (PT) assumiu a presidência da autarquia municipal, ele tinha como bandeira diminuir a compra de água da Sabesp, criando novas alternativas. No entanto, pouco foi feito. Poços profundos, que poderiam minimizar os problemas em Guarulhos e apontados à época como possíveis soluções, não foram escavados. Um plano diretor voltado ao abastecimento, anunciado naquela ocasião por Almeida, nunca saiu do papel. Hoje, o Saae não faz outra coisa que não seja jogar a culpa pelo desabastecimento à Sabesp.

Desculpas de sempre

O Saae de Guarulhos compra por atacado da Sabesp cerca de 87% da água que distribui, por meio dos Sistemas Cantareira (62%) e Alto Tietê (25%); os outros 13% de água correspondem à produção própria do município. Com exceção do volume fornecido via Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê, os demais volumes de água fornecidos pela Sabesp a Guarulhos estão normais, seja o que é disponibilizado por uma rede que transfere água do Reservatório de Ermelino Matarazzo (700 litros por segundo), também pertencente ao Sistema Alto Tietê, seja o que é fornecido pelo Sistema Cantareira (2.500 litros por segundo), que abastece o Reservatório Gopoúva.

O volume total de água fornecido pela Sabesp a Guarulhos pelo Sistema Alto Tietê seria de 1.000 litros por segundo, se não estivesse ocorrendo oscilação no volume que chega via Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba. O Saae de Guarulhos não atribui a oscilação ao nível do manancial do Sistema Alto Tietê, mas sim a uma possível readequação no sistema de distribuição pela Sabesp.

O Saae de Guarulhos tem realizado manobras no sistema de abastecimento, para distribuir de forma justa a água disponível para todo município. Como o sistema é interligado, essas manobras podem gerar períodos de desabastecimento em algumas regiões da cidade. Nos bairros Bonsucesso, Ponte Alta, Carmela, Bambi, Presidente Dutra e Inocoop, a autarquia municipal tem por objetivo manter o sistema de um dia com água para um dia sem água; mas, esta meta depende do volume de água entregue pela Sabesp por meio da rede que transfere água do Reservatório de Vila Industrial, em Itaquaquecetuba, pertencente ao Sistema Alto Tietê.

Porém, segundo moradores desses bairros, há muito tempo, mesmo em períodos sem estiagem, ocorre rodízio no abastecimento, várias vezes com mais de um dia sem água.

A autarquia municipal mantém uma equipe monitorando a situação. Os casos não atendidos pela rede de acordo com o sistema de um dia com água para um dia sem água serão abastecidos, emergencialmente, por caminhões-pipa. Os casos críticos deverão ser comunicados ao Saae de Guarulhos por meio do telefone 0800-101042, que atende, gratuitamente, 24 horas por dia.

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