Pelo menos sete pessoas morreram e outras milhares foram afetadas por um incêndio em um acampamento de refugiados rohingya, no distrito de Coxs Bazar, em Bangladesh. O fogo começou na tarde de segunda-feira, 22, e ainda não havia sido completamente apagado pelos bombeiros até a madrugada desta terça, 23 (pelo horário de Brasília), informou a agências de notícias o chefe da corporação, Shahadat Hossain.
"Uma de nossas unidades ainda está trabalhando no local", explicou Hossain nesta madrugada, revelando que até então, dos corpos encontrados, dois foram entregues à polícia e que "outros cinco foram enterrados por seus familiares". A causa das chamas será investigada pelas autoridades.
O vice-comissário para refugiados, Mohammad Shamsud Douza, disse que o incêndio destruiu completamente entre 1 mil e 1,5 mil abrigos e danificou parcialmente outros milhares. "Ainda estamos avaliando os danos, garantindo o atendimento emergencial às vítimas."
A organização humanitária Refugees International estimou que 50 mil pessoas foram deslocadas – em campos já lotados que abrigam mais de um milhão de pessoas – e a extensão dos danos pode não ser conhecida por algum tempo. "Muitas crianças estão desaparecidas e algumas não conseguiram fugir por causa do arame farpado instalado nos campos", disse a agência em um comunicado.
O escritório do Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados (Acnur) afirmou que as chamas afetaram abrigos, centros de saúde, pontos de distribuição e outras instalações. O refugiado Shamsul Alam também contou que o incêndio destruiu um hospital financiado pela Turquia, centros de ONGs e casas de Bangladesh perto do campo.
<b>Condições precárias</b>
Os acampamentos congestionados de Coxs Bazar são vulneráveis a tais incidentes devido às instalações precárias e às frágeis cabanas de madeira, bambu e plástico que cobrem a área, embora também haja suspeitas de que alguns dos incêndios possam ser provocados.
Em meados de janeiro, um incêndio deixou cerca de 3,5 mil rohingyas desabrigados depois que as chamas reduziram cabanas a cinzas. Poucos dias depois, o Unicef denunciou o incêndio criminoso de quatro centros educacionais.
Além disso, a polêmica continua em Bangladesh sobre a tentativa das autoridades do país de realocar cerca de 100 mil refugiados rohingya para a remota ilha de Bhasan Char, com o objetivo de descongestionar os campos. O processo começou em dezembro com o envio dos primeiros 3,5 mil refugiados e o número já chega a 12,4 mil.
Cerca de 738 mil rohingya chegaram aos campos no sudeste de Bangladesh após a eclosão, em agosto de 2017, de uma campanha de perseguição e violência pelo exército de Mianmar, que a ONU descreveu como um exemplo de limpeza étnica e possível genocídio. Mianmar nega. (Com agências internacionais).