Cidades

Centro de Zoonoses incentiva adoção de animais mais velhos

Adotar um cachorro mais velho no Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) é tudo de bom. Ao contrário dos filhotes, ele não vai estragar móveis nem destruir objetos. Além disso, alguns deles já são adestrados para atender a comandos básicos. Tudo isso é fruto do trabalho do CCZ, que agora lança a campanha “Adote um Velho Amigo”. O lançamento será neste domingo (24), a partir das 9h, no Bosque Maia, onde Guida e Tatu, dois cães aptos para adoção, irão participar de um passeio e interagir com os frequentadores do local.
 
 A iniciativa tem por objetivo sensibilizar a sociedade para ajudar a realizar o sonho de todo cachorro: ter um dono de verdade a quem possa dedicar toda a fidelidade e o amor incondicional característicos da espécie. Nero é um exemplo dos que esperam quase uma vida por essa oportunidade. Com uma história de abandono e maus tratos, ele chegou ao CCZ por volta das 17 horas do dia 7 de fevereiro de 2010.
 
Encontrado por homens da Guarda Civil Municipal com o corpo enterrado e somente a cabeça exposta em um terreno baldio no bairro Santa Emília, o animal, da raça Rottweiller, mais parecia um esqueleto em forma de cachorro. De acordo com o veterinário Eduardo Oliveira, que cuidou dele no CCZ, Nero tinha dificuldade de locomoção ocasionada por lesão nas patas, otite crônica e tumores nos condutos auditivos, causa determinante de sua surdez parcial atualmente.
 
 Apesar de toda a história de privação, ele é um cachorro dócil, carinhoso e companheiro. Recebeu tratamento e ganhou massa corporal, chegando a pesar 60 quilos depois de um ano e meio no CCZ, o que levou os veterinários a prescrever um regime alimentar para evitar o sobrepeso. Hoje, Nero ainda pode apresentar alguma dificuldade de movimentação nos dias muito frios, bem como precisa de alguns cuidados, como limpeza periódica do ouvido, mas está totalmente recuperado e apto para adoção.
 
Juntamente com outros mais de 100 cães e gatos que hoje estão no CCZ, ele não perde a esperança de ganhar um lar. Na verdade, ele torce para ter a mesma sorte de Meloso, um vira-lata deficiente físico, que teve de amputar a pata dianteira direita depois de sofrer um atropelamento no Centro de Guarulhos em 2012. Apesar desta limitação, o cachorro encantou o policial militar Rogério Almeida Santos e seus dois filhos menores, uma menina de nove anos e um menino de seis, que foram juntos a uma feira de adoção no CCZ, em maio do ano passado. 
 
Muito brincalhão, Meloso imediatamente ficou apegado às crianças durante a visita ao CCZ, explicou o policial. “Como eu sempre gostei de animais e sabia da dificuldade que ele teria para ser adotado, decidi levá-lo para casa. Hoje, ele é um amigo inseparável para a vida toda”, conta Rogério, que também tem sete gatos e mais uma vira-lata de nome Rebeca, com quem o novo membro da família se deu superbem.
 
Meloso, que ganhou esse nome no CCZ justamente por ser dono de um temperamento extremamente dócil, é um cachorro que “sorri aos olhos”, define a veterinária que cuidou dele, Rita de Cássia Callegari Barbosa. “Ele é simpático, cativante, apaixonante, alegre e brincalhão, e o fato de ter um membro amputado não lhe tirou a alegria de viver”, explica.
 
O recado que o policial militar deixa aos interessados em adotar um cachorro ou gato é para que estudem primeiro todas as consequências de ter um bichinho de estimação em casa, como custos e disponibilidade para cuidar dele. “O animal não é um objeto que pode ser descartado. Ele se torna um membro da família e demonstra o tempo todo o agradecimento por ter sido adotado”, destaca.