O Irã anunciou nesta sexta-feira, 16, que começou pela primeira vez a enriquecer urânio a 60% de pureza, em resposta ao recente ataque sofrido por sua principal instalação nuclear, numa iniciativa que complica discussões em andamento entre Teerã e potências globais, em Viena, para reavivar o acordo nuclear de 2015. "Anuncio com orgulho que à 0h40 de hoje, jovens cientistas iranianos…obtiveram urânio com 60% de pureza", disse o presidente do Parlamento iraniano, Mohammad Bagher Ghalibaf, segundo a mídia estatal.
O chefe da agência nuclear iraniana, Ali Akbar Salehi, confirmou o feito à TV estatal, dizendo que o país está produzindo 9 gramas de urânio enriquecido a 60% por hora.
A última aceleração do programa nuclear iraniano além dos limites impostos pelo pacto de 2015 veio após Teerã acusar Israel de atacar a instalação nuclear de Natanz no último domingo, 11, causando um blecaute que destruiu uma série de centrífugas utilizadas para o enriquecimento de urânio. O governo israelense não se pronunciou a respeito.
A decisão do Irã de enriquecer urânio a 60%, que foi anunciada nesta semana, lançou uma sombra sobre as negociações que ocorrem na capital austríaca para tentar trazer os EUA de volta ao acordo de 2015, que foi abandonado pelo governo Trump em 2018.
Apesar da recente tensão, as conversas avançaram na quinta-feira, 15, à medida que o Irã deu o primeiro sinal de que poderá negociar sua exigência de que os EUA levantem todas as sanções ao país antes de Teerã reconsiderar suas violações do pacto. O diálogo tem continuidade nesta sexta.
O Secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, disse que o gesto do Irã de enriquecer urânio a níveis mais elevados de pureza coloca em dúvida a seriedade de Teerã em relação às discussões. Os iranianos, por sua vez, alegam que seguem comprometidos com as negociações, mas não permitirão que "sabotagem" prejudique suas atividades nucleares.