Reunidos na Prefeitura de São Paulo, Fernando Haddad (PT) e prefeitos petistas de sete cidades da região metropolitana discutiram nesta terça-feira, 18, uma "tarifa única" para o transporte coletivo em 2015. O jornal O Estado de S. Paulo apurou que o valor estudado fica entre R$ 3,40 e R$ 3,50. O prefeito de Guarulhos, Sebastião Almeida (PT), participou do encontro.
A proposta deverá ser levada ao governador Geraldo Alckmin (PSDB) na terça-feira, durante a reunião do Conselho Metropolitano, para um possível aumento com o Metrô e com a Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM).
Com o pagamento anual de mais de R$ 3,5 bilhões em subsídios para empresas de ônibus, prefeituras de cidades como São Paulo, Santo André, São Bernardo do Campo e Guarulhos estão com a capacidade de investimento em novas obras reduzida em até 40% por causa da manutenção do preço da tarifa de ônibus a R$ 3. Após os protestos de junho do ano passado, liderados pelo Movimento Passe Livre (MPL) por todo o País, as passagens, após reajustes, foram reduzidas.
Na saída do encontro, o prefeito de Embu das Artes, Chico Brito (PT), escalado para ser o "porta-voz" do grupo, admitiu que as tarifas é um dos temas a ser levado a Alckmin. "O tema da mobilidade e da tarifa são pautas que queremos levar (ao governador) na instância do Conselho (Metropolitano). Queremos dar força e musculatura para esse conselho, porque são pautas conjuntas", afirmou. Ele disse ainda que a crise hídrica esteve na pauta. "A gente debateu o assunto da água, que é a questão mais emergencial."
Mais tarde, após o almoço e o portal estadao.com.br informar o teor da reunião – a proposta de reajuste -, Haddad negou que o aumento da tarifa tenha sido uma das pautas dos petistas. "O único assunto do encontro foi a crise hídrica. Vocês estão querendo forçar uma situação", disse.
Ele negou que o assunto será levado até o governador paulista na próxima semana. Segundo Haddad, nenhuma decisão será tomada antes da conclusão de auditoria nas contas dos transportes, prevista para ser concluída no dia 10 de dezembro.
Técnicos da Secretaria Municipal dos Transportes, porém, consideram difícil pagar R$ 2 bilhões para viações e cooperativas de vans da capital em 2015 – teto mínimo para conseguir bancar os custos de operação de 14 mil ônibus e 6 mil peruas sem aumento de tarifa, conforme projeção da Comissão de Finanças da Câmara Municipal.
O valor reservado pela Prefeitura aos subsídios em 2015, de R$ 1,4 bilhão, já representa 37% de todo o orçamento previsto para novas obras na cidade. Para manter o valor sem suplementações, a tarifa precisa ser reajustada a, no mínimo, R$ 3,40. Neste ano, os repasses devem chegar a R$ 1,7 bilhão.
A reportagem apurou que as prefeituras de Santo André, Mauá, São Bernardo do Campo e Franco da Rocha consideram "insustentável" manter a tarifa sem reajuste por mais um ano. Em São Bernardo do Campo, o aumento já está previsto.
Em maio de 2013, Haddad aumentou a tarifa para R$ 3,20. Outras cidades da região metropolitana haviam aplicado o reajuste no início do ano passado. Em Guarulhos, foi em dezembro de 2012. Na capital, a tarifa está congelada desde 2011.
Água
No encontro com Haddad também estavam presentes os prefeitos ou representantes de Guarulhos (Sebastião Almeida), Osasco (Jorge Lapas), Carapicuíba (Sérgio Ribeiro), Franco da Rocha (Kiko Celeguin), Santo André (Carlos Grana) e São Bernardo do Campo (Luiz Marinho).
Guarulhos apresentou uma medida que pode evitar o colapso no abastecimento, com a possibilidade de tratar água de esgoto para consumo. O município tem serviço próprio de abastecimento.