Terminou sem acordo mais uma reunião entre professores paulistas em greve e o secretário estadual de Educação, Herman Voorwald, hoje (23) na sede do órgão, no centro da capital. A paralisação já dura 42 dias. Após a reunião, um grupo de professores tentou ocupar o prédio do órgão e foi reprimido pela Polícia Militar (PM) com gás de pimenta. Neste momento, os professores fazem passeata pela região central. De acordo com o Sindicato dos Professores no Ensino Oficial do Estado de São Paulo (Apeoesp), importantes vias de São Paulo devem ser bloqueadas nesta tarde.
A presidenta da entidade, Maria Izabel Noronha, lamentou que em mais um encontro com o gestor da pasta não se tenha avançado em uma proposta que garanta a valorização dos docentes e o encerramento da greve. “Foi muito ruim. [O secretário] não apresentou nada. Quando a gente esteve em 30 de março aqui disseram que em abril poderiam ter números. Agora já diz que não tem”, relatou. Na avaliação dela, o governo estadual adotou a posição de não apresentar nenhuma proposta enquanto os professores estiverem em greve. “A nossa posição é de continuidade de greve. Não tem jeito. A tendência é radicalizar, não tem outra coisa”.
A categoria reivindica um aumento salarial de 75,33%. “Não vamos acabar com a greve. Ainda temos zero”, declarou a presidenta. Os professores pedem também a redução do número de alunos por sala para um máximo de 25 estudantes por classe. Izabel critica a política de bônus como principal meio para a valorização profissional. De acordo com ela, o bônus foi uma opção do governo, mas que só beneficia uma parte da categoria e não é incorporado ao salário-base. A estimativa da Apeoesp é que 60% dos professores tenham aderido à greve.
Antes do início da caminhada, houve a tentativa de ocupação da sede da secretaria de Educação. O secretário de Comunicação da Apeoesp, Roberto Guido, destacou que essa iniciativa não teve o respaldo da direção da Apeoesp, mas acredita que esse tensionamento está relacionado à falta de resposta do governo estadual. “Depois de 42 dias de greve, os professores estão tensos, ansiosos, criam expectativa e se o governo age desta maneira, a tendência é radicalização com ações mais arrojadas. Vamos continuar forçando negociação com quem pode de fato decidir. Isso passa pelo próprio governador e chefe da Casa Civil”, avaliou.