Nunca antes na história desta cidade, Guarulhos esteve tão abandonada. A frase, ouvida frequentemente em qualquer roda de amigos ou empresários que sentam para discutir a cidade, já se tornou mais do que comum. Motivos não faltam.
São obras paradas ou em ritmo lento por todo o município, uma série de promessas de campanha do prefeito Sebastião Almeida (PT) que nunca saíram do papel, credores e mais credores quebrando porque não recebem um centavo por serviços prestados há alguns meses. O site da Prefeitura ficou três dias fora do ar na semana passada porque o fornecedor tinha os pagamentos em atraso. Funcionários da Quitaúna, empresa que coleta o lixo, cruzaram os braços por atraso nos salários.
Já há dívidas que passam de um ano. Secretários municipais e aliados de longa data não economizam críticas ao mandatário do Bom Clima em conversas reservadas. “Faz tempo que ele não manda mais em nada. Jogou a toalha”, dizem longe dos microfones em referência ao chefe do Executivo.
Apesar da desculpa oficial apontar para a queda de arrecadação devido ao período de crise que atravessa o país, o dinheiro continua a entrar nos cofres municipais. Até o final do ano, a Prefeitura tem um orçamento atualizado na casa dos R$ 3,2 bilhões. De janeiro a julho, o município arrecadou R$ 1,7 bilhão, conforme números apurados nesta quarta-feira no site Transparência Cidadã, mantido por força da Lei da Transparência pela Prefeitura de Guarulhos.
Porém, ninguém consegue entender quais os critérios para o dinheiro sair dos cofres da Prefeitura e chegar às mãos de certos prestadores de serviço. Há alguns fornecedores, “ungidos”, que não encontram problemas para receber pelos serviços prestados. De outro lado, Guarulhos – por não pagar dívidas – está no cadastro de municípios inadimplentes, fato que impede a cidade de receber financiamentos e impossibilita a chegada recursos estaduais e federais, por meio de emendas parlamentares. Ou seja, mais ônus para a população.
O cenário é desolador. Vários proprietários de imóveis locados para diferentes pastas da municipalidade não recebem os aluguéis há vários meses. Alguns, sem perspectivas de conseguir uma negociação amigável, partem para ações de despejo. No início deste ano, uma base do Corpo de Bombeiros no bairro do Taboão foi desalojada, já que a Prefeitura não vinha pagando a locação do imóvel.