O Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro cresceu 0,2% em fevereiro ante janeiro, segundo o Monitor do PIB, apurado pelo Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre/FGV). Na comparação com fevereiro de 2019, a economia teve expansão de 0,8% em fevereiro de 2020.
"O crescimento da economia em fevereiro continuou baseado, principalmente, no consumo das famílias, com particular destaque para o consumo de serviços. O investimento voltou a cair neste mês e a taxa de investimentos encontra-se bem abaixo da média da série histórica desde 2000", avaliou Claudio Considera, coordenador do Monitor do PIB-FGV, em nota oficial.
O Monitor do PIB antecipa a tendência do principal índice da economia a partir das mesmas fontes de dados e metodologia empregadas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), responsável pelo cálculo oficial das Contas Nacionais.
"É inegável que o ano de 2020 será marcado pela forte desaceleração econômica em decorrência da pandemia de covid-19; no entanto, os resultados até fevereiro mostram que uma retomada mais robusta da economia brasileira seria pouco provável, mesmo em situações normais, dada a fragilidade da composição da demanda com crescimento via consumo que vinha sendo estimulado por medidas pontuais adotadas pelo governo, como a liberação do FGTS. A partir da próxima divulgação, referente a março, será possível analisar a dimensão do impacto negativo que esta pandemia tem provocado na economia brasileira", completou Considera.
Na passagem de janeiro para fevereiro, o PIB da indústria encolheu 0,3%. Pela ótica da demanda, a Formação Bruta de Capital Fixo (FBCF, medida dos investimentos no PIB) caiu 2,1%.
Na comparação com fevereiro do ano passado, sob a ótica da oferta, todas as três grandes atividades crescerem em fevereiro deste ano: agropecuária, serviços e indústria. Na demanda, a FBCF recuou 1,2%.
Em termos monetários, o PIB alcançou aproximadamente R$ 1,231 trilhão em janeiro e fevereiro de 2020 em valores correntes. A taxa de investimento no mês de fevereiro foi de 13,8%, na série a valores correntes, próxima ao piso da série iniciada em janeiro de 2000. A menor taxa de investimento mensal observada desde 2000 foi de 13,3%, registrada em dezembro de 2019. A taxa de investimento média mensal da série histórica é de 18,0%.
Em decorrência da pandemia do novo coronavírus, as informações de saúde pública e privada passam a ser apresentadas pelo Monitor do PIB de forma desagregada, pela ótica da produção. Segundo a FGV, a desagregação temporária ajudará a entender como a evolução do valor adicionado estimado para a saúde pública e privada impactarão o desempenho da economia a partir das informações a serem divulgadas no próximo Monitor do PIB, referente a março, quando teve início a recomendação de isolamento social por parte das autoridades brasileiras.
A saúde pública e a saúde privada representavam juntas 4,3% do PIB em 2017, sendo a saúde pública responsável por 2,0% e a saúde privada pelos outros 2,3%, de acordo com o IBGE. A saúde pública tinha participação de 13% (em 2017) na atividade de Administração pública nas Contas Nacionais Trimestrais do IBGE. Em fevereiro de 2020, a atividade de saúde pública caiu 0,6% ante fevereiro de 2019, contribuindo com -0,1 ponto porcentual para a taxa de crescimento de 0,1% registrada pela atividade de Administração pública.
Já a saúde privada integra a atividade de Outros Serviços no PIB, com participação de 15,1% nessa atividade (em 2017). Em fevereiro deste ano, a saúde privada cresceu 0,9% ante fevereiro do ano passado, contribuído positivamente com 0,1 ponto porcentual para a taxa negativa de 0,1% registrada pela atividade de Outros Serviços no período.