O primeiro-ministro indiano, Narendra Modi, estendeu ontem a quarentena nacional por mais três semanas, impedindo que mais de 1 bilhão de pessoas deixem suas casas. Ele elogiou a população por agir agressivamente contra o coronavírus e disse para os indianos não "baixarem a guarda".
Em discurso, Modi disse que prorrogar as medidas até o dia 3 de maio é necessário para evitar um aumento nos casos e garantiu que restrições mais duras podem ser decretadas a seguir. Ele agradeceu aos indianos por seguirem as medidas "como soldados dedicados".
"Se você olhar apenas economicamente, tem sido caro", disse Modi. "Mas você não pode colocar um preço na vida dos indianos." O primeiro-ministro afirmou que algumas flexibilizações podem ser implementadas após 20 de abril, mas apenas em certas áreas e se houver estrito cumprimento das regras. Por enquanto, ele pediu a todos o indianos – 1,3 bilhão de pessoas – que usem máscaras, fiquem dentro de casa, respeitem os profissionais de saúde e ajudem os idosos.
O mandatário lembrou que as novas regras de confinamento, que serão reveladas mais adiante, foram feitas "levando em consideração os interesses dos pobres e dos trabalhadores do campo".
A Índia tem um número relativamente baixo de infecções confirmadas, com cerca de 10 mil casos, 339 mortes e uma taxa de duplicação de cerca de seis dias. No entanto, o país é um dos que menos testam sua população. A taxa de exames é de apenas 137 para cada um milhão de habitantes, menor que o vizinho Paquistão, que é de 295 por milhão, e do Brasil, que é de 296 por milhão. Em países como Noruega e Suíça, esse índice passa de 20 mil exames realizados para cada milhão de pessoas. Uma rápida disseminação do coronavírus pode ser devastadora na Índia. Os serviços de saúde são precários e milhões de indianos vivem em densas áreas urbanas, dificultando o afastamento social.
<b>Esforços</b>
As autoridades enfrentam desafios para fazer valer a quarentena que entrou em vigor em 25 de março. Como o confinamento fechou as portas do comércio, muitos trabalhadores migrantes ficaram desempregados e decidiram voltar para suas vilas de origem.
No entanto, a maioria não conseguiu viajar e ficou presa em grandes cidades, longe de suas aldeias. Alguns embarcaram em viagens a pé para chegar a suas casas. Muitos recorreram a ônibus lotados e caronas na boleia de caminhões, aumentando o risco de contaminação.
Na ocasião, Modi chegou a pedir desculpas pela falta de planejamento do governo. Ontem, no entanto, o premiê estava mais otimista. "Se tivermos paciência, derrotaremos o coronavírus", disse. (COM AGÊNCIAS INTERNACIONAIS)