Os pronto atendimentos Maria Dirce e Paraíso, além da UPA São João,localizados nos bairros de mesmos nomes, ficaram sem médicos neste dia 1º de abril. O GuarulhosWeb esteve em uma das unidades e ouviu de funcionários e pacientes os problemas causados pela falta de profissionais.
Por volta das 15h, os pacientes eram atendidos apenas por controladores de acesso no PA Paraíso, que informavam que a unidade estava sem médico desde à 1h desta sexta-feira.
Segundo Pedro Gomes, conselheiro municipal de saúde, que entrou no hospital e conversou com responsáveis, a unidade estaria entrando em contato com médicos conhecidos como “PJ” – profissionais acionados em emergências – para solucionar o problema.
A ambulante Balbina Oliveira, de 41 anos, chegou até o PA Paraíso com falta de ar e dores no corpo, mas recebeu a notícia que não poderia ser atendida por falta de médicos. “Estive no HMU, presenciei uma briga em que a GCM teve que ser chamada, tudo começou porque os paciente estão correndo para lá porque não tem médico aqui e em outras unidades, não sei o que vou fazer”, contou.
Um funcionário do PA Maria Dirce, que não quis se identificar, contou que há 36 dias o aparelho de Raio-X da unidade está quebrado, o que obriga a cinco paciente de cada vez a serem transportados em uma ambulância para outros locais para realizar o exame, tornando a espera cansativa e demorada.
Além disso, o PA Maria Dirce também estaria sem médico. Um pessoa baleada teria procurado por atendimento e acabou sendo encaminhada para outro hospital para receber o socorro.
Segundo o funcionário, os médicos contratados estariam sendo trocados por “PJs” o que estaria desgastando os profissionais. Apesar da afirmação, a fonte não confirmou que os motivos das faltas desta sexta-feira estão relacionadas a este problema.
As unidades são administradas pela Fundação do ABC (FUABC) que fechou contrato em 1º de abril de 2015. Segundo Pedro Gomes, na época 120 funcionários de diversos setores foram demitidos. Este quadro nunca teria sido reposto pela FUABC.
O GuarulhosWeb questionou a Secretaria Municipal de Saúde que repassou o problema à Fundação ABC, que enviou uma nota.
"Tendo em vista a constatação de problemas nos atendimentos realizados pela Fundação do ABC nas três unidades que gerencia em Guarulhos, a entidade informa que está trabalhando para solucionar a ausência de 14 dos 24 médicos que deveriam estar à disposição da população hoje na Unidade de Pronto Atendimento (UPA) São João-Lavras e nas Policlínicas Jardim Paraíso e Jardim Maria Dirce.
É importante esclarecer que o não comparecimento de parte dos médicos na data de hoje, 1º de abril de 2016, deve-se a movimento dos mesmos contra a instalação do ponto eletrônico com biometria nas três unidades de Guarulhos. A medida passou a valer exatamente na data de hoje e não foi aceita por alguns dos profissionais médicos.
Vale ressaltar que o ponto eletrônico é abrangente a todos os colaboradores da Fundação do ABC em Guarulhos – e não somente aos médicos – e tem por objetivo garantir aos munícipes, usuários dos serviços de saúde, que todos os funcionários contratados estão, de fato, trabalhando nas unidades e cumprindo jornada completa.
Ao todo, o contrato da Fundação do ABC com a Prefeitura de Guarulhos contempla 135 médicos e 3 coordenadores, sendo 52 profissionais na Policlínica Jardim Maria Dirce, 39 no Jardim Paraíso e 47 na UPA. Mesma assim, a Fundação do ABC investe cerca de R$ 300 mil por mês na contratação de plantões médicos extras para Guarulhos, justamente porque alguns profissionais, contratados para permanecer nas unidades durante 12 horas por dia, não estão cumprindo adequadamente essa jornada de trabalho.
Em respeito à população de Guarulhos, a Fundação do ABC reafirma o esforço nas negociações com os médicos insatisfeitos com o ponto eletrônico, a fim de normalizar a situação o mais breve possível".