Cidades

Ex-moradores da Hatsuta e outras comunidade tentam se ambientar no Lavras

“Agora nós temos endereço”, esta foi a definição de alguns moradores entrevistados pelo GuarulhosWeb sobre a nova etapa de suas vidas, depois da mudança para o conjunto habitacional Residencial Lavras, no bairro de mesmo nome. O condomínio com 1.460 apartamentos está recebendo famílias provenientes de cinco comunidades localizadas em diferentes pontos de Guarulhos e está se tornando o lar de quem antes vivia em áreas irregulares. 
 
A mudança é repleta de novidades. Se por um lado traz a alegria de viver em um apartamento de melhor qualidade, devidamente regularizado, por outro traz também a preocupação pela mudança completa de ambiente, em um local muito distante daquele onde muitos nasceram, cresceram e formaram famílias.  O momento é de adaptação e de desafios constantes, que passam pela ambientação em escolas, uso de transportes públicos, entre outras questões, como a distância do local de trabalho. 
 
O primeiro grupo a se mudar para o local era de moradores da comunidade Hatsuta, Jaboticabeira e CIS Cumbica. Segundo o síndico geral do prédio, Gilvan Laércio, as famílias da Hatsuta já estavam preparadas para a mudança e foram orientadas durante todo o processo para que a chegada ao residencial fosse tranquila.
 
Na Hatsuta foi realizado um processo de conscientização onde as crianças em idade escolar foram matriculadas em escolas da região do Lavras, os cachorros receberam um chip e foram cadastrados com o nome de seus donos, para não se perderem, e os moradores alertados sobre a contratação dos transportes para sues pertences. “Esta conscientização foi essencial para nossa mudança pacífica e tranquila, o que não vem acontecendo com outras comunidades”, explicou o síndico. 
 
A dona de casa Janile Pereira Gonçalves, de 30 anos, tem três filhos. Ela contou que agora consegue dormir em paz. “Lá nós vivíamos com medo do fogo. Agora, mesmo que eu durma tarde, quando acordo meu corpo está descansado”. Ela disse ainda que quando estava na comunidade tinha vergonha de explicar onde morava. “Antes eu falava: eu moro ali no Cecap. E se a pessoa insistisse muito eu falava que era lá se não ficava assim mesmo”, lembrou.  
 
Cícero João dos Santos, de 30 anos, também não conseguia dizer que morava na comunidade. Ele contou que antes não convidava os amigos para ir até sua casa. “Agora nós temos um endereço, era complicado chamar o pessoal do trabalho para ir em casa, a maioria morava em condomínio e eu tinha vergonha”. 
 
O Residencial Lavras atende os moradores da Hatsuta, Jaboticabeira, Furp e remanescentes do CIS Cumbica.  Além de comunidades que fazem parte da Várzea do Tietê, que são a Vila Any, Jardim Guaraci e Vila Laurita, que devem ser os últimos a realizar a mudança uma vez que aguardam o remanejamento do DAEE.
 
Empregos
 
Com a mudança, muitas pessoas passaram a morar longe de seus ambientes de trabalho. “A distância gera custo para o empregador, além do desgaste do trabalhador que agora acorda muito mais cedo para chegar até a empresa, isso já está sendo sentido e pode se tornar um problema”, explicou o síndico.
 
Gilvan acredita que o desenvolvimento da região depende do incentivo da prefeitura para que novas empresas possam se instalar próximas ao empreendimento, gerando novos empregos por ali.  O maior problema apontado é a falta de transporte público na região. Segundo moradores, as primeiras horas da manhã são de pontos de ônibus cheios e coletivos lotados.
 
Os moradores reclamam ainda que o número de ônibus que circulam nas linhas não atendem à nova demanda. Outra preocupação é a locomoção dos moradores da Vila Any que atualmente não contam com linhas que acessam a região.
 
A Secretaria de Transportes e Trânsito esclareceu que cinco linhas atendem naturalmente ao Condomínio do Lavras, não sendo preciso ajustar itinerário de nenhuma delas. Quanto aos deslocamentos para a Vila Any, a integração deverá ser feita no Terminal Pimentas, como acontece hoje.
 
Já a EMTU, empresa responsável pelos ônibus intermunicipais, esclareceu que a região do bairro dos Lavras é atendida especificamente pela linha 408TRO Guarulhos (Bairro dos Lavras) – São Paulo (Metrô Armênia), via Guarulhos (Jardim Soberana e Jardim Lenize). Além deste serviço, há mais seis linhas metropolitanas que podem ser a opção de transporte para chegar nas Estações Brás, Armênia e Penha do Metrô. 
 
A empresa explicou que acompanha a evolução das demanda para verificar as necessidade de adequação. Os passageiros podem realizar solicitações de aprimoramento da linhas através do site www.emtu.sp.gov.br, no link da Ouvidoria.  
 
Saúde
 
Atualmente 50% dos apartamentos já estão ocupados. Entre as famílias estão idosos, crianças, deficientes físicos e grávidas que precisam de um acompanhamento médico. Alguns moradores estão preocupados com a questão de saúde. Segundo uma mãe, na última quarta-feira (13), seu filho precisou de atendimento, mas não havia pediatra na unidade de saúde do bairro. 
 
Segundo a Secretaria de Saúde, a UBS Lavras está preparada para receber os moradores conforme forem chegando. Eles terão seus prontuários abertos e terão acesso a todos os serviços prestados no local que conta hoje com dois ginecologistas, dois pediatras, um clínico, dois dentistas, duas enfermeiras, sete auxiliares de enfermagem, um farmacêutico, uma psicóloga e um fonoaudiólogo.
 
Ainda segundo a pasta, a afirmativa da mãe não procede, uma vez que na última quarta-feira (13), as duas pediatras atenderam normalmente na unidade.
 
Sobre as gestantes, a Secretaria esclareceu que elas têm prioridade de atendimento em todas as unidades de saúde. Sendo assim, com a transição dos prontuários da UBS Cecap para a UBS Lavras, as mulheres grávidas estão sendo orientadas a procurar a unidade para dar continuidade ao pré-natal e ao acompanhamento de sua gestação.
 
Educação
 
Segundo a Secretaria de Educação, as escolas da região já estão preparadas para atender as crianças em idade escolar. Segundo Gilvan, todas as comunidades foram alertadas sobre os prazos de matricula. 
 
As crianças da pré-escola (4 e 5 anos) e  Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, serão atendidas pela Rede Municipal de Ensino. Já o Ensino Fundamental, do 1º ao 5º ano, serão atendidas pelas redes Municipal ou Estadual.
 
Os pais de crianças em idade de creche (dos 6 meses aos 3 anos) devem realizar cadastro na escola municipal EPG Marlene Aparecida Martins e aguardar pelo surgimento de vaga.
 
Para o EJA – Educação de Jovens e Adultos (15 anos completados até 31/12/2015), do 1º ao 9º ano o atendimento será oferecido pela Rede Municipal de Ensino. 
 

Posso ajudar?