Os professores da rede municipal de ensino entraram nesta segunda-feira na terceira semana de greve contra o que chamam de “calote” do prefeito Sebastião Almeida (PT). Eles seguem mobilizados para reunir a classe e fazer com que a prefeitura cumpra com o pagamento de valores em atraso. Eles aguardam pelo julgamento do dissídio coletivo, solicitado pela Prefeitura, pelo Tribunal Regional do Trabalho, nesta terça-feira.
Na sexta-feira (5) depois de uma reunião tumultuada que durou dois dias com o prefeito e representantes de diversas secretarias, os professores decidiram em assembleia, no início da noite, rejeitar a proposta da administração e permanecer afastados das salas de aula.
O GuarulhosWeb tem acompanhado as ações do grupo desde o dia 25, quando aconteceu o primeiro encontro em frente ao Paço Municipal, onde poucos professores compareceram e decidiram pela deflagração da greve, já que Almeida em momento algum sinalizou com alguma proposta para cumprir com o pagamento de valores em atraso. Com o passar dos dias, a adesão da categoria foi aumentando, com encontros em pontos importantes da cidade e caminhadas longas que atrapalharam o trânsito e deixaram muitos motoristas e comerciantes aborrecidos com a situação.
Apesar dos transtornos, muitas pessoas abordadas pelas ruas e pais de alunos ouvidos se disseram a favor da greve. A manifestação chegou a interromper e cancelar o Seminário Metropolitano de Cidade Inteligentes que aconteceria no dia 28 de julho, no Teatro Adamastor. O evento que receberia convidados internacionais acabou sendo transferido para São Paulo.
Os professores exigem que a prefeitura realize o pagamento da Gratificação de Mérito, extensão de jornada e equiparação entre professores do ensino básico e infantil (PEI/PEB). A verba que seria proveniente do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) foi encaminhada pelo Governo Federal, porém não teria sido repassada para a categoria, segundo denunciam as lideranças do movimento.
Após uma audiência no Tribunal Regional do Trabalho, realizada em março, ficou definido que a Prefeitura teria que realizar este pagamento de forma parcelada a partir de junho. Porém, a decisão foi ignorada pela administração que adiou os pagamentos por tempo indeterminado. Por este motivo a categoria decidiu não retornar às salas de aula na volta do recesso escolar a partir do último dia 25 de julho.
Somente na última quinta-feira (4), após diversos protestos, uma comissão de profissionais da área, acompanhada pelo Sindicato dos Trabalhadores da Administração Pública Municipal de Guarulhos (Stap), foi recebido por Almeida e sua equipe. A reunião, que teve início na quinta-feira, se estendeu até o final da tarde de sexta-feira. A categoria esperava por uma proposta “digna” para que eles pudessem retornar às salas de aula.
No entanto, segundo a professora Patrícia de Oliveira, uma das profissionais que participou do encontro, a reunião foi exaustiva e resultou em um desgaste físico e emocional de quem estava na sala, uma vez que a falta de assessoria por parte das secretarias atrapalharam as negociações.
Em uma fala para seus colegas de profissão, a professora tentou resumir o que aconteceu dentro da sala de reuniões. “Todos os professores puderam expor os problemas pessoais de cada um para ilustrar as frustrações de quem estava aqui fora. Mas a Prefeitura não tinha nenhum dado concreto”.
A proposta apresentada por Almeida teve quatro tópicos. Os professores que optaram pela extensão de jornada de 30 horas para 38 horas voltariam a realizar a atividade com a promessa de pagamento a partir de 31 de agosto e respectivos meses subsequentes. A equiparação entre professores de ensino PEI e PEB, aproximadamente R$ 140, seria pago a partir de agosto. Quanto à gratificação de mérito, a Prefeitura, alegando a crise financeira, propôs retomar o diálogo somente em setembro. Por fim, os profissionais teriam seis dias de abono e quatro dias compensados pelo período de paralisação.
Durante a assembléia dez professores puderam se manifestar e expor suas posições para a categoria que ficou dividida. Para alguns, a proposta seria razoável, uma vez que não acreditam em uma nova melhor por parte da Prefeitura, além de terem certo que a luta de quase dez anos pela equiparação salarial estaria garantida. Para outros não é possível acreditar na promessa da administração, que já teria descumprido um acordo judicial.
Na votação, a maioria optou por manter a greve e continuar com os atos até que o valor seja depositado em conta ou que a Prefeitura os receba com uma proposta melhor. A greve continua nesta segunda-feira (8) com comandos de greve, onde os professores devem comparecer em escolas que não aderiam ao movimento na tentativa de inflar o movimento, além de realizar uma nova assembleia na Praça Getúlio Vargas.
Nesta terça-feira (9) ocorrerá uma audiência conciliatória, a partir do pedido de dissídio por parte da Prefeitura noTribunal Regional do Trabalho (TRT-SP). Logo depois, os professores se reúnem novamente na Praça Getúlio Vargas, às 16h, para receber o resultado e decidir pela continuação ou o encerramento da greve