O aumento do número de casos de esporotricose – uma micose que pode afetar animais e humanos – em São Paulo e, especialmente, no Rio de Janeiro, fez Guarulhos determinar que a doença seja de notificação compulsória na cidade. A medida consta da Portaria nº 064/2016, publicada no Diário Oficial do Município do dia 27 de julho passado.
Com a decretação, todos os serviços de saúde e clínicas veterinárias ficam obrigados a notificar os casos suspeitos e confirmados de esporotricose, sendo que os eventos em seres humanos devem ser comunicados à Vigilância Epidemiológica Municipal e as ocorrências em animais, ao Centro de Controle de Zoonoses (CCZ).
Nos animais, especialmente nos gatos, a esporotricose causa feridas profundas na pele, geralmente com pus, que não cicatrizam e costumam crescer rapidamente. No ser humano, a doença se manifesta na forma de lesões na pele, que começam com um pequeno nódulo (caroço) vermelho, que pode virar uma ferida. Geralmente, aparecem nos braços, nas pernas ou no rosto, às vezes formando uma fileira de carocinhos ou feridas.
Como pode ser confundida com outras doenças de pele, o ideal é procurar um médico, que fará um diagnóstico adequado. O fungo causador da esporotricose geralmente habita o solo, palhas, vegetais e também madeiras, podendo ser transmitido através de materiais contaminados, como farpas ou espinhos. Animais infectados, em especial os gatos, também transmitem a doença por meio de arranhões, mordidas e contato direto da pele lesionada.
Não há registro de casos de transmissão entre humanos. As pessoas contraem a doença pelo contato com objetos ou animais contaminados. A esporotricose humana e animal têm cura e o tratamento, que deve ser prescrito pelo médico ou veterinário, respectivamente, precisa ser iniciado imediatamente. Por isso, é importante que o diagnóstico seja feito o mais breve possível.
Unidades para tratamento
Se houver suspeita de esporotricose em um animal de estimação, a pessoa deve procurar um médico veterinário do Centro de Controle de Zoonoses, que irá orientá-la sobre como cuidar dele sem correr o risco de se contaminar. Nesses casos, o CCZ realiza a coleta de material do animal com suspeita da doença e envia a amostra para análise em laboratório.
Nos casos de resultado positivo para esporotricose, o CCZ oferece tratamento e acompanhamento, lembrando que o animal doente nunca deve ser abandonado. Além de ser configurado crime e causar sofrimento pelo ato em si e, principalmente, pela falta de cuidados adequados para tratar a doença, o abandono vai aumentar a probabilidade de transmissão, inclusive para seres humanos.
Número em Guarulhos:
Em Guarulhos, foram confirmados 24 casos de esporotricose em gatos no ano de 2014, contra 167 casos em felinos em 2015 e 248 em 2016. Em contrapartida, o Rio de Janeiro registrou 1.581 casos da doença em gatos somente de janeiro a maio deste ano. A cidade de São Paulo diagnostica esporotricose desde 2011, nos bairros de Itaquera, Itaim Paulista, Pedreira, Campo Grande, Vila Maria e Tremembé.