Uma grande vitória para a quase duas mil famílias da comunidade Anita Garibaldi. Após uma luta de mais de 15 anos, desde o último dia 22, os antigos ocupantes iniciaram a adesão ao acordo firmado com o proprietário da área, que é localizada na região da Ponte Alta e tem cerca de 250 mil metros quadrados. A assinatura do termo de compromisso está sendo feita no Fácil Móvel, que só na primeira semana contabilizou 355 assinaturas de contratos. A unidade volante está instalada na praça da Vitória (no campo de futebol, em frente à igreja), e ficará no local até o dia 22 de dezembro. O atendimento é realizado de segunda a sexta-feira, das 9h às 18h, e aos sábados, das 9h às 13h.
Intermediada pela Prefeitura junto ao Judiciário, a proposta de compra da área foi homologada no dia 7 de outubro pelo juiz Mauro Civolani, da 6ª Vara Cível, e estabelece as condições para aquisição, regularização fundiária e providências de cunho ambiental do local. O contrato oferece opção de pagamento em até 216 meses para três níveis de lote, cujos valores das parcelas vão de R$ 226 a R$ 281 mensais, conforme a localização e tamanho. Ao todo, são 1.980 terrenos, sendo a maioria de 100 metros quadrados.
A ocupação da área – que atualmente conta com aproximadamente 10 mil moradores – foi iniciada em maio de 2001. Dias depois, já havia uma ordem judicial obtida pelo proprietário para a reintegração de posse, que foi suspensa em seguida. Desde então, a administração municipal tem participado das negociações, visando um resultado que atendesse aos interesses da comunidade. Além deste acordo, a Prefeitura também intermediou acordos que beneficiaram os moradores do Jardim das Oliveiras II e da Vila Operária.
Mais tranquilidade e alegria
Há 14 anos, o casal Francisco Rosendo da Silva e Cícera Rosa da Silva mora no Anita Garibaldi e procurou o Fácil Móvel para assinar o contrato. “Estou feliz. Eu orei a Deus para chegar neste ponto. Não foi fácil. Minha mulher ia às reuniões dos moradores, pois eu trabalhava,” disse sorridente o marido, avô de quatro netos.
Natural de Pernambuco, Francisco trabalha com acabamento de pedras (raspagem de granito) e como a firma havia mudado para Vila Carmela, procurou uma moradia mais próxima. “Comprei um barraquinho e aos poucos fui reformando. Hoje são quatro cômodos embaixo e outros quatro em cima”, revelou orgulhoso, acrescentando que mora com três dos quatro filhos e um dos netos.
O empenho da Prefeitura foi decisivo para o a negociação, na opinião do técnico em eletrônica João Santana de Araujo, um dos coordenadores da Associação Comunitária Anita (ACA). “Se não fosse o olhar social da administração municipal, seu apoio e assistência, estaríamos fora daqui”, destacou técnico, acrescentando a importância da organização dos moradores para a conquista da moradia. O medo que a comunidade sentia foi ainda lembrado. “Nesses anos em que a liminar estava suspensa, todos estavam inseguros. Sabíamos que o proprietário estava trabalhando para nos tirar dali,” concluiu o técnico de eletrônica.
Dona de uma banquinha de temperos na feira, Maria de Lourdes Amorim compareceu logo no primeiro dia para fazer a adesão. Ela contou que a mãe construiu uma casa há oito anos, frequentava as reuniões e acompanhava o andamento das negociações. “A gente sempre teve esperança que desse certo tudo isso. Ela fez a casinha bonitinha com três cômodos, mas infelizmente morreu faz dois anos,” afirmou a feirante.
Melhorias na comunidade
As melhorias em infraestrutura, previstas com a regularização da área, já começaram. A entrada principal do bairro – a rua Anita Garibaldi – já começou a receber intervenções para obras de pavimentação asfáltica, guias, sarjetas e passeio de concreto. A previsão de conclusão da via é meados de 2017. Além disso, o Saae está executando a implantação de rede de esgoto.