Os seguidos impasses fiscais limitaram reações mais agressivas do mercado de juros nesta quinta-feira, 7, à decisão – em parte surpreendente – do Banco Central de baixar a Selic em 0,75 ponto porcentual, a 3%. Ainda que tenha aumentado substancialmente a aposta de corte em 0,50pp em junho, o mercado observa sinais ambíguos do presidente Jair Bolsonaro em relação ao congelamento de salários de servidores e teme que o governo perca o ímpeto reformista diante do enfraquecimento do ministro da Economia, Paulo Guedes. Assim, as taxas curtas fecharam em queda, mas as longas subiram, gerando inclinação na curva. A piora do dólar, que renovou o recorde nominal (R$ 5,84), também contribuiu para esse movimento.
O contrato de Depósito Interfinanceiro (DI) para janeiro de 2021 caiu de 2,745% ontem para 2,545% hoje. O janeiro 2022 saiu de 3,530% para 3,340%. Por sua vez, o janeiro 2027 subiu de 7,350% para 7,570%.
As apostas de corte de 50 pontos-base passaram de apenas 4% no fim da manhã para 56% no encerramento da sessão regular, enquanto as de 25 pontos-base foram de 96% a 44%, segundo cálculos do estrategista-chefe do Banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno. Para agosto, há precificação de 12 pontos-base de corte.
A preocupação fiscal do BC no comunicado de ontem chamou a atenção de operadores. O texto ressaltou que a trajetória fiscal em 2020 e 2021 vai determinar o prolongamento do estímulo monetário e alertou que uma piora das contas pode elevar o prêmio de risco.