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PMs realizam parto de bebê prematuro com seis meses de gestação em Guarulhos

Bernardo nasceu no dia 3 de janeiro, por volta das 22h20, em casa, na Vila Fátima. Pesava 1,137 quilograma e cabia entre as mãos do policial militar que fez seu parto às pressas. Nasceu prematuro e foi colocado nos braços da mãe, Thais Lourenço Vieira, 20 anos, com placenta e tudo até chegar à maternidade mais próxima.
 
Pequenino e frágil, o recém-nascido está na Unidade de Tratamento Intensivo neonatal da Maternidade Jesus, José e Maria. Pudera, nasceu com pouco mais de 26 semanas (pouco mais de seis meses de gestação) e requer cuidados. Thaís e o pai, Thiago Alexandre Macedo, 24, mal tiveram tempo de preparar as roupinhas, o berço, a vida. 
 
A gestação da jovem foi tranquila. Parou de fumar, de ir para as baladas. Fez o pré-natal direitinho. O parto em casa foi um susto. Era tarde da noite. “Às nove horas comecei a sentir dor nas costas, aí foi aumentando, aumentando até eu não aguentar mais. Quando vi que era contração comecei a fazer força”, disse Thaís. 
 
Assustada, a avó, dona Luzinete Lourenço Vieira, 60 anos, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), mas faltavam ambulâncias para socorrê-la e a orientação que recebeu era a de que tomasse analgésico para a dor passar. 
 
A dor não passou e a família decidiu ligar para a Polícia Militar. “Recebemos um comunicado via Copom (um instrumento do Comando da Organização Policial Militar para a rápida comunicação entre todos os policiais de serviço) de que uma jovem estava em trabalho de parto ali mesmo no bairro. Foi tudo muito rápido. Na hora a gente nem pensa em nada. Só deu tempo de fazer o parto e enrolar o bebê no lençol. Colocamos o bebê no colo dela e a levamos direto para a maternidade”, contou o soldado Rodrigo Schvartz, pai de Vinicius, também aniversariante do dia 3 de janeiro.
 
Seu colega, o soldado Henrique Leopoldino da Silva, pai de um casal, com cinco anos e meio de corporação disse que não teve tempo de cortar o cordão umbilical. “Não foi cortado. Nós pedimos pra ela segurar a placenta com o bebê junto aos seios dela e já a encaminhamos para cá (maternidade) para não perder tempo, porque nós vimos que era um recém-nascido prematuro”, disse o soldado Leopoldino.
 
Para ele, esta será uma experiência inesquecível. "Estamos acostumados a lidar no dia a dia com coisas ruins e quando a gente depara com um gesto tão bom como esse, a gente fica gratificado. Sem dúvida será inesquecível”, disse o soldado com sorriso pouco visto em homens fardados no dia a dia.
 
Dona Luzinete espera que a experiência não se repita. “Eu nunca tinha visto ao vivo. Aconselho que ela tenha juízo e que fique só nesse, porque não quero viver mais esse susto. Ainda bem que eles (policiais) chegaram, porque a gente não estava mais sabendo o que fazer”, disse, ao lado da filha, no quarto 103 da maternidade. 
 
O pai Thiago Alexandre Macedo, 24 anos, estava tímido e falou, ainda preocupado com a responsabilidade que lhe bateu à porta antes do tempo. “É muita responsabilidade e nós não tínhamos nos preparado totalmente. Nem chá de bebê nós fizemos. Não tem berço, mas vai dar tudo certo, o importante é ele ficar bem”, disse o jovem, que está desempregado, já pensando nas fraldas. 
 
A mãe também carrega sua preocupação, mas a gratidão tem mais espaço. “Só tenho que agradecer aos policias. Se não fosse eles podia ser pior, ele (o bebê) podia não ter resistido. Muito obrigada”.
 
Bernardo, o bebê nascido pelas mãos dos policiais da 4º Cia. do 15º Batalhão de Polícia Militar Metropolitana de Guarulhos, foi registrado pela avó no cartório nesta sexta-feira (5). 
 
O hospital não informou o estado de saúde do bebê. 
 
Nota da redação – Caso os leitores queiram ajudar a jovem família com produtos para o cuidado do bebê, já que o pai e a mãe de Bernardo estão desempregados, podem entrar em contato com a redação através do [email protected].
 

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