Cidades

Desinformação sobre febre amarela afasta visitantes do Zoológico

Janeiro é mês de férias e tempo de buscar alternativas de lazer para crianças e adultos que ainda não voltaram à rotina de estudos ou trabalho. O Zoológico de Guarulhos, localizado no Jardim Rosa de França, é certamente uma dessas opções, mas a desinformação tem afastado os guarulhenses do Zoo.
 
“Sentimos sim uma queda no número de visitantes. As pessoas ligam bastante aqui perguntando se temos animal doente, se tem febre amarela no zoológico. Mas é importante dizer que nossos macacos não estão contaminados, então não precisa ter medo”, disse Fernanda de Castro Magalhães, diretora de Departamento de Conservação da Biodiversidade.
 
Quem caminha pelo Zoológico logo verifica as grades dos primatas protegidas com telas. Segundo Fernanda, o objetivo é prevenir o contágio dos macacos do Zoo que tem bugios, sauás, macacos prego e sagui-da-serra-escuro, uma espécie extremamente sensível ao vírus da febre amarela e está em extinção.
 
“Nossa proteção mecânica é para evitar que uma pessoa que foi para uma região de mata e tenha sido picada por esse mosquito (que transmite a febre amarela) venha para cá doente e aqui seja picada por outro mosquito e esse mosquito pique o nosso macaco”, explica a diretora, lembrando que os macacos são apenas sentinelas. 
 
“Quando um macaco morre é para alarmar a população de que existe um foco de doença ali. Desde 1942 a gente não tem nenhum caso de febre amarela urbana, hoje o que a gente tem é a febre silvestre que é transmitida por dois tipos de mosquitos que vivem em mata e não estão presentes na região do zoológico”, esclarece.
 
Cuidados 
 
Para evitar qualquer tipo de contágio, o Zoológico – conhecido como um centro de referência dos sagui-da-serra-escuro – suspendeu temporariamente o recebimento de outros primatas. “Não estamos mais recebendo macaco. Recebíamos primatas que as pessoas encontravam machucados na natureza, agora não estamos recebendo com medo de trazer o foco da doença para o centro da cidade”, disse.
 
Entre os macacos do Zoo, dois chamam atenção, a Elis e o Jorge. São bugios bebês que foram abandonados por seus grupos (de macacos) que viviam em Mairiporã, área de mata. A médica-veterinária, Hilarie Hisashi, que cuida da saúde dos bebês acredita que todo o grupo tenha sido afetado e morto pela febre amarela. Os pequenos estão saudáveis. Mamam de três em três horas, 40ml de leite NAN e brincam como crianças. Durante a entrevista, Jorge derrubou algumas gaiolas com aves que passavam por tratamento e Elis se agarrava à repórter.
 
“Os macacos nos avisam sobre a doença. Precisamos cuidar deles. Estamos muito preocupados com a situação do sagui-da-serra-escuro que está em extinção”, disse a veterinária segurando um de 100 gramas em suas mãos. 
 

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