Começou nesta segunda-feira, 14/05, a remoção de 150 famílias que viviam na comunidade conhecida como “Favela da Fiat”, na região da Ponte Grande, conforme matéria publicada neste GuarulhosWeb. O trabalho deve acontecer até o dia 22. Por lá, a sensação de alegria pelo novo lar, se mistura com a apreensão com a mudança na rotina, em um bairro distante aproximadamente 16 quilômetros de um local que, apesar das dificuldades, vão deixar lembranças.
As primeiras pessoas chegaram ao terreno particular em 1992. Na época, houve uma tentativa de reintegração, que não foi concluída. O terreno, tomado pela Prefeitura por conta de débitos do proprietário, recebeu um projeto em 2001, quando os próprios moradores se reuniram para uma tentativa de acordo com a administração pública.
Apenas em 2010 uma nova reintegração de posse foi determinada. A Prefeitura, então, cadastrou as famílias, que foram incluídas em programas habitacionais e receberam as chaves das novas moradias em abril deste ano, no Condomínio Vila Pimentas II, no Bairro dos Pimentas.
Caroline Gomes, de 27 anos, chegou na comunidade quando tinha apenas 5. Hoje, casada e com uma filha, está contente com a estrutura do novo lar, mas não esconde a tristeza ao deixar o lugar onde viveu grande parte de sua vida. “É triste sair porque eu praticamente nasci aqui e ver tudo sendo derrubado é horrível. É de cortar o coração”, contou.
Outra mudança na vida da família de Caroline foi a distância entre o trabalho do marido e o novo apartamento. “Ele trabalha no Carrão, na Zona Leste, agora ele terá que sair mais cedo de casa para chegar no horário”, explicou.
Maria Zita dos Santos, de 66 anos, lembra de quando chegou na comunidade. Segundo ela, o terreno estava abandonado e era um ponto de descarte irregular de lixo. Foi limpo com a ajuda de um padre, que forneceu um caminhão, e um mutirão foi feito para que as casas próximas a avenida fossem construídas.
“Eu estou feliz, mas também preocupada com essa mudança. Consegui um apartamento no primeiro andar, e isso vai me ajudar. Mas as coisas por lá são um pouco mais afastadas e não consigo me locomover muito. Mas acho que é questão de adaptação”, disse.
A questão dos atendimentos médicos também foi lembrada pelo morador Osvaldo de Oliveira Alves, de 63 anos, que faz diversos tratamentos de saúde nas unidades municipais próximas à Favela da Fiat. “Eu tenho medo de chegar lá e não conseguir dar andamento nos meus tratamentos. Mas estou feliz, acredito que lá teremos mais regras e poderei dormir tranquilo”, contou.
Para o lugar da favela, a Secretaria de Habitação disse que existe um decreto que determina a utilização da área para equipamentos educacionais. Para evitar que o local seja invadido após a retirada das famílias, a Prefeitura deve realizar a descaracterização da área, com a remoção de portas, janelas e telhados e, logo após, a demolição completa.
O novo lar dos moradores da Fiat fica na rua Mucugeo. Lá foram entregues 420 apartamentos, viabilizados por meio do programa Minha Casa, Minha Vida. Além das 150 famílias da comunidade ouvida pelo GuarulhosWeb, estão pessoas que viviam em áreas de risco: Jardim Aracília (40 unidades), CIS Cumbica (seis unidades), e alguns núcleos de comunidades como a Hatsuta (96 unidades) e São Rafael (27 unidades). Outros 103 apartamentos foram destinados à demanda da CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano).