Cidades

Salário era suficiente para comer só 3 dias, diz refugiado venezuelano em Guarulhos

Na tarde desta quarta-feira, 29/08, os 25 refugiados venezuelanos que chegaram na cidade de Guarulhos na tarde de terça receberam a visita de órgãos da Prefeitura e conversaram com a imprensa sobre a crise humanitária pela qual passa seu o país sul-americano e sobre os motivos que os levaram a buscar ajuda no Brasil.
 
O grupo foi recebido em Roraima, onde se concentra a maior parte dos refugiados que deixaram a Venezuela em direção ao Brasil. Estima-se que mais de 60 mil imigrantes tenham atravessado a fronteira. Nos últimos dois anos, mais de 2,3 milhões de pessoas deixaram a Venezuela.
 
Em Guarulhos, a primeira parada do grupo foi em um dos pontos de acolhimento do projeto Cristolândia, na Vila São Jorge. Entre os acolhidos estão duas crianças e duas mulheres gestantes. Nos próximos dias os perfis devem ser cruzados com projetos e oportunidades quem podem encaminhar os refugiados para abrigos provisórios e permanentes.
 
Vivendo no Brasil há dois meses, o mágico Domingo Lopez contou que durante alguns meses não tinha onde dormir ou comer. Apesar de se desdobrar em diversos empregos, o salário não era o suficiente para comprar comida e manter as despesas de casa. 
 
Segundo a Prefeitura de Guarulhos, os migrantes já vieram vacinados, com os exames de saúde atualizados e situação migratória regularizada. Alguns já possuem profissão definida.
 
Nesta quarta-feira as secretarias de Direitos Difusos, Assistência Social e Saúde estiveram no local e fizeram o cadastramento das famílias, que receberam os primeiros atendimentos médicos, atualização da carteira de vacinação e outros serviços. 
 
O casal Alfredo e Madalena Bravo estão no Brasil há 2 anos, têm dois filhos – de 2 e 4 anos – e aguardam a chegada do terceiro. Eles contam que havia emprego no país, porém, com o salário não era possível alimentar a família. “Com o que eu ganhava em um mês conseguíamos comprar comida para no máximo três dias”, explicou Alfredo, que trabalhava como sargento na Guarda Nacional. 
 
A família pretende agora buscar uma oportunidade para empreender no país e torce para que a situação na Venezuela melhore. “Nós somos inteligentes. Nós temos formação e esperamos o melhor para o nosso país. Gostaria que a Venezuela melhorasse para voltar, mas se encontrar uma situação boa de negócio aqui no Brasil nós ficaremos”, completou.
 
A Prefeitura tomou ciência da possibilidade de acolhimento dos refugiados em fevereiro, quando Governo Federal instituiu, o Comitê Federal de Assistência Emergencial para o acolhimento dessa população em situação de vulnerabilidade, que se tornou prioridade devido o fluxo migratório, que provocou a necessidade da transferência para outras cidades.
 
Esperança
O casal Jhoedgar Salas e Evelin Marines contou que a oportunidade de vir para São Paulo alimentou a esperança, já que todos os dias eles lembram dos familiares que deixaram na Venezuela há 9 meses. “Quando eu tenho uma cama para dormir, comida no prato, eu lembro das pessoas que eu deixei lá e não têm” contou.
 
Jhoedgar trabalhou em muitas funções no país de origem e tem o sonho de estudar para adquirir uma função e conseguir um emprego. Há nove meses no Brasil, está se esforçando para aprender o português. Segundo explicou, sabe da importância da língua para conquistar oportunidades e começar uma família ao lado da companheira.
 

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