O resultado dentro do esperado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre ajuda a conter a queda do Ibovespa nesta manhã, contrariando a queda registrada na maioria das bolsas internacionais. A economia brasileira apresentou retração de 1,5% nos três primeiros meses de 2020 ante o último trimestre de 2019, ficando igual à mediana das expectativas do Projeções Broadcast, cujo intervalo ia de 2,8% a 0,5%.
"O desempenho pode estar refletindo o resultado pouco menos horrível do que indicavam as projeções", diz o economista-chefe do ModalMais, Álvaro Bandeira.
Ante o quarto trimestre, o PIB caiu 0,3%, ficando perto da mediana negativa de 0,2% das expectativas (recuo de 2,5% a crescimento de 0,6%). "Essa queda é quase nada. Porém, é importante avaliar os números com cuidado, pois o Brasil demorou um pouco mais para refletir e para reagir aos impactos do novo coronavírus. Ainda não capturou tudo. Então, no segundo trimestre, o dado deve ser pior", diz Bandeira.
Além disso, uma fonte que pede o anonimato reforça que o número é preciso ser avaliado com cautela, dadas as críticas geradas após a divulgação dos dados do mercado de trabalho de abril, no sentido de que não estariam refletindo a realidade "dura" provocada pela pandemia, e que já vinha difícil mesmo antes dessa crise.
A alta de 5,46% (US$ 102,39) do minério de ferro no porto de Qingdao, na China, hoje, serve de alento aos negócios na B3, que caminha para contrariar meses de maio, fechando no melhor mês desde 2009 (12,49%). Até o momento, a alta mensal é de 8% e de 5,8% na semana. As ações da Vale ON (3,01%), Usiminas (3,00%) e CSN ON (8,12%) subiam perto das 11 horas, refletindo sinais de retomada da China, um dos grandes parceiros comercias do Brasil.
Entretanto, Luiz Roberto Monteiro, operador de mesa institucional da Renascença, pondera que isso pode ser insuficiente para gerar fortes ganhos. "Os mercados estão todos no vermelho. Acredito que não tem como, em função do que estão acontecendo cautela na Europa e nos EUA neste momento, por conta da espera pelas palavras de Trump", observa.
A iminência de agravamento nas tensões comerciais entre Estados Unidos e China já contamina negativamente os mercados internacionais e também deve atingir a Bolsa brasileira neste último pregão da semana e do mês. Os esclarecimentos sobre o nível desse conflito sino-americano e eventuais sanções devem ser feitos em entrevista prevista para hoje do presidente norte-americano, Donald Trump.
O tom entre as duas maiores potências mundiais vem esquentando desde que Trump passou a responsabilizar o país asiático pela pandemia do novo coronavírus e criticar medidas para impor uma nova lei de segurança nacional em Hong Kong.
Ontem, Trump voltou a agir, o que acabou por empurrar as bolsas de Nova York para baixo e também o Ibovespa (-1,13%, aos 86.949 pontos). Trump assinou ontem um decreto que limita a proteção legal que a lei federal dá as companhias de mídia social. Para completar, a participação do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos), Jerome Powell, em evento virtual, ao meio-dia, também é aguardado com grande expectativa.
Internamente, como ressalta em nota a MCM Consultores, há uma outra boa notícia, que é a de apoio de partidos do Centrão ao governo na votação da MP 936, que permite a redução de salários e da jornada de trabalho ou a suspensão do contrato trabalhista durante o estado de calamidade pública relacionada ao coronavírus. Contudo, o clima tenso entre o governo e o STF continua, e deve também ser fator de cautela entre investidores
No corporativo: a Eletrobras informou que seu lucro caiu 77% a R$ 306,83 milhões no primeiro trimestre de 2020 ante igual período de 2019. Já a receita líquida das operações subiu 7,6%, para R$ 6,95 bilhões. Às 10h54, as ações subiam 0,60% (ON) e 0,03% (PNB). O Ibovespa, por sua vez, cedia 0,19%, aos 86.788,08 pontos, com destaque para recuo no setor financeiro, em torno de 2,00%