Bolsa vira no fim e fecha em alta de 0,52%, acumulando ganho de 8,57% em maio

O Ibovespa emendou nova recuperação em maio e, assim como em abril, obteve o melhor desempenho para o mês desde 2009, acumulando ganho de 8,57% no período e de 6,36% na semana. Nesta sexta-feira, 29, o principal índice da B3 mudou de sinal nos ajustes finais para encerrar a sessão em alta de 0,52%, aos 87.402,59 pontos no fechamento do mês, tendo oscilado hoje entre mínima de 85.384,29 e máxima de 87.410,03 pontos, atingida nos instantes derradeiros. Nesta última sessão de maio, dois fatores concentraram a atenção dos investidores: o PIB do primeiro trimestre no Brasil e o pronunciamento do presidente dos EUA, Donald Trump, sobre a China, que ao fim se mostraram mais amenos do que se temia.

Destaque positivo para Vale ON, em alta de 5,81% no fechamento de hoje, com o avanço dos preços do minério na China, enquanto Petrobras ON e PN apontavam, respectivamente, ganhos de 1,36% e 2,88% no encerramento da sessão. Bem elevado, o giro financeiro totalizou R$ 40,9 bilhões no fechamento da sessão e, agora, o Ibovespa reduz as perdas do ano a 24,42%.

"Se esperava queda de até 2,5%, ano a ano, para o PIB do primeiro trimestre, mas veio 1,5%, com ajuda do agro. Acabou não ficando tão ruim, mas a expectativa maior é para o segundo trimestre, nos balanços das empresas como no PIB, com resultados bem piores, refletindo mais de perto o efeito da pandemia", diz Pedro Galdi, analista da Mirae. "Com a reabertura da economia, no terceiro trimestre já teremos uma melhora, que tende a se acentuar no quarto, se tudo correr bem. A dúvida maior é se a recuperação será em V ou W, neste caso com uma segunda onda da doença, que obrigaria passos atrás no processo de retomada da economia", acrescenta.

Parecendo replicar o bordão gringo sell in May and go away (ou venda em maio e vá embora), este mês vinha se mostrando difícil para o Ibovespa nos últimos 10 anos. De 2009 para cá, o índice registrou ganhos apenas naquele ano, em 2019 e agora em 2020. No ano passado, o ganho no mês havia sido de apenas 0,70% e, em 2009, o Ibovespa avançou 12,49% naquele maio, saindo então dos 47.289 para 53.197 pontos.

Assim como em 2009 o Ibovespa se recuperava da crise global instalada no último trimestre do ano anterior, o índice agora antecipa retomada da economia à medida que a atividade, ainda que lentamente, seja reaberta no País como no exterior, uma vez que se deixe para trás o pior momento da pandemia. Em abril, o Ibovespa iniciou recuperação com ganho de 10,25%, também o melhor desempenho para o mês desde 2009, quando havia avançado 15,55%.

"O mercado vem fazendo topos e fundos ascendentes desde as mínimas da Bolsa após o impacto do Covid-19. E o Ibovespa tinha rompido máxima muito importante na faixa de 83 mil pontos. Esse rompimento liberou o mercado para os 90 mil pontos, não chegamos lá ainda, mas fomos até os 88 mil pontos", observa Fernando Góes, analista gráfico da Clear, que considera que, em um segundo momento, após os 90 mil, o índice venha a buscar níveis mais altos, na faixa de 94 a 95 mil pontos.

Tendo chegado ao ponto mais baixo do ciclo de correção pandêmico perto do fim de março, o Ibovespa acumulou no primeiro trimestre perda de 36,86%, a maior de que se tem registro na B3. Em janeiro, após ter renovado máxima histórica de fechamento no dia 23 daquele mês, aos 119.527,63 pontos, o índice de referência acumulou perda de 1,63%, seguida por mergulhos de 8,43% em fevereiro – o pior desde maio de 2018 – e em março, no auge da volatilidade, quando cedeu 29,90%, a maior perda mensal desde agosto de 1998. Em baixa de 7% na sessão de quarta-feira de cinzas, em 26 de fevereiro, o Ibovespa seguiria basicamente em queda livre, e entre circuit breakers, até a mínima de fechamento do ciclo, aos 63.569,62 pontos, em 23 de março, a véspera do início da quarentena em São Paulo.

A partir de 6 de abril, o índice se firmou de vez acima dos 70 mil pontos a cada fechamento, obtendo o primeiro encerramento na casa dos 80 mil no dia 22 do mesmo mês. Na primeira quinzena de maio, oscilou na faixa de 77 mil a 80 mil pontos, lutando para superar e se firmar acima desta linha de resistência. De 18 de maio para cá, não apenas conseguiu superar a linha como se distanciar dela, chegando a 88.090,67 pontos na máxima intradia deste intervalo, ontem, quando o Ibovespa atingiu o maior nível, dentro da sessão, desde 11 de março.

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