O presidente da República, Jair Bolsonaro (PL), afirmou a apoiadores na tarde desta sexta-feira, 9, que "nada está perdido". "Quem decide meu futuro são vocês", disse. Na primeira fala a simpatizantes desde a derrota para o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), o chefe do Executivo fez um discurso ambíguo. Ao mesmo tempo em que disse "respeitar as quatro linhas da Constituição", sinalizou para o questionamento ao resultado das eleições.
"Nada está perdido. O final, somente com a morte. Quem decide meu futuro, para onde eu vou, são vocês. Quem decide para onde vão as Forças Armadas são vocês", afirmou na frente do Palácio do Alvorada, enquanto apoiadores pregavam uma ação das Forças Armadas para evitar a posse de Lula, o que é inconstitucional.
Bolsonaro quebrou o silêncio no mesmo dia em que o petista anunciou os nomes que irão comandar cinco ministérios, entre eles o de José Múcio Monteiro, à frente da pasta da Defesa. A escolha de Lula pelo ex-deputado federal e ex-ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) é vista como uma forma de apaziguar a tensa relação entre o petista e a caserna. Monteiro tem bom trânsito nas Forças Armadas.
"Nunca saí das quatro linhas da Constituição e acredito que a vitória será dessa maneira", destacou ainda o presidente. Ele ainda reforçou aos apoiadores que "vamos vencer" e que "se Deus quiser, tudo dará certo no momento oportuno". O chefe do Executivo não especificou, entretanto, em que âmbito e como se daria esta vitória, já que foi derrotado eleitoralmente por Lula.
Bolsonaro criticou o "eu autorizo", mote utilizado por simpatizantes para defender um autogolpe por parte do atual presidente. "Não é eu autorizo, não, é o que eu posso fazer pela minha pátria. Não é jogar a responsabilidade para uma pessoa", declarou, ao sugerir que apoiadores deveriam fazer algo pelo País, sem também especificar o quê.
"Não podemos esperar chegar lá na frente, dizer o que eu não fiz lá atrás para chegar a esta situação. O tempo voa, cada minuto é um minuto a menos. Temos como mudar o futuro da nossa Nação. Com o mesmo ingrediente ninguém pode fazer um bolo diferente. Esse ingrediente que temos pela frente, nós sabemos lá atrás o que aconteceu", disse, em provocação ao presidente eleito.
O chefe do Executivo comentou o período que passou em silêncio após a derrota e falou em dor "na alma". "Estou há praticamente 40 dias calado. Dói na alma, sempre fui uma pessoa feliz no meio de vocês, mesmo arriscando a minha vida."